OEIRAS — Um ano depois de ter vivido o melhor momento da carreira, Fábio Coelho escolheu o Campeonato Nacional Absoluto/Taça Guilherme Pinto Basto para colocar um ponto final no percurso enquanto tenista profissional e abraçar as funções de treinador. Uma decisão “forçada” e que “custa muito”, mas ponderada e “a pensar no melhor”.
De regresso ao Complexo de Ténis do Jamor, em Oeiras, o jovem natural de Oliveira de Azeméis admitiu que “não estão a ser dias nada fáceis porque gosto muito desta modalidade e nunca pensei que aos 23 anos pudesse pôr um ponto final”, mas explicou que “é uma decisão tomada em sintonia com os meus treinadores e com a minha família porque já não andava a sentir-me bem.”
O rosto de Fábio Coelho transparece a “mágoa” de que fala quando detalha o que o levou a pendurar as raquetas: “Não é por não querer mais ou por já não gostar de jogar, é mesmo pela questão financeira. Não tenho capacidade de continuar a investir. O investimento já era pouco, mas com muito sofrimento e esforço lá se ia fazendo as coisas. Mas agora cheguei a um ponto em que estava a sofrer muito dentro do campo e não vale a pena. Quero ter estabilidade na minha vida.”
No circuito internacional, Fábio Coelho teve como melhores classificações o 896.º lugar em singulares (março de 2022) e o 327.º em pares (março de 2023). Na variante individual jogou a final de um ITF M15 em Almada no verão de 2021, já ao lado de diferentes parceiros venceu três das oito discussões em que participou (nos M15 de Castelo Branco e M25 de Setúbal com Jaime Faria, em 2022, e no M15 de Monastir com Aziz Ouakaa, em 2023).
Dentro de portas, o jovem português nascido a 24 de maio de 2000 venceu o Campeonato Nacional Absoluto em 2022 e o Campeonato Nacional de Equipas da 1.ª Divisão com a Escola de Ténis da Maia — que descreve como “uma segunda casa” — em 2021 e 2022.
A estes feitos juntou a representação portuguesa nos tempos de júnior e ainda nos Jogos do Mediterrâneo que aconteceram em Oran, na Argélia, no verão de 2022.
“Para uma pessoa que veio da aldeia e que teve muito pouca capacidade de investimento acho que fiz bastante. Sei das minhas capacidades e das minhas limitações, mas em nada fico rebaixado com o que fiz. Vou sair de cabeça erguida, sabendo que ninguém me pode apontar nada porque dei sempre tudo. Quero que fique marcado que fui um guerreiro dentro do campo e que dei o meu melhor. Termino com muita mágoa, mas ao mesmo tempo muito contente com o que fiz. Não fui nada do outro mundo comparado com os grandes nomes do ténis português, mas fiz coisas engraçadas com as condições que tinha”, rematou.
Os primeiros passos como treinador já começaram a ser dados na RacketsPro Academy do Estádio Universitário, mas agora é hora da despedida enquanto jogador: “Sei que não vai ser fácil abstrair-me de tudo isto e que no dia em que acabar não vai ser fácil digerir [a decisão], mas até lá espero pelo menos uma vez na vida desfrutar dentro de um campo de ténis, que é uma coisa que nunca consegui fazer.”