Elias sai de Braga com registo inédito: “Não me lembro de tantos break points desperdiçados”

Sebastião Guimarães/FPT

BRAGA – Historicamente, o Braga Open é o pior torneio Challenger em Portugal para Gastão Elias, onde todos os azares acontecem. A forma recente, ou melhor, a competição recente, não fazia antever um desfecho diferente na quinta edição e as previsões confirmaram-se. Depois de uma dura refrega perante o velho conhecido Alessandro Giannessi, o lourinhanense despediu-se na estreia na cidade dos arcebispos, mas não pensem que o discurso animador mudou no rescaldo ao desafio.

O primeiro set perdido, que durou cerca de hora e meia, acabou por ser fulcral para a derrota precoce. “Teve um pouco de facada psicológica para o início do segundo set, sem dúvida. Ainda por cima foi um primeiro set muito desgastante fisicamente, com condições muito lentas, onde há que fazer muita força para bater na bola e os pontos foram muito comprimidos. Para além disso a 4-4 tive 0-40, no 5-5 tive 15-40 e mais uma vantagem e no segundo parcial comecei a ter cãibras na zona da perna onde tive a lesão e fiquei muito preocupado se me ia lesionar ou não”, resumiu.

O aproveitamento das oportunidades foi um dos factores decisivos para a derrota por 7-6(2) e 6-4. “Não me lembro de tantos break points sem fazer breaks. No total tive uns 15 break points desperdiçados, mas são coisas que tenho de aceitar que acontecem. Noutros momentos tenho a certeza absoluta que não aconteceriam, se estivesse um pouco mais rodado, com mais jogos nas pernas, com certeza que o resultado teria sido diferente. Mas, lá está, não me posso queixar muito porque nos últimos dois jogos que fiz em terra batida fiz duas roturas na perna”.

“Eu jogo mais na fluidez e nestas condições é preciso mais força bruta”, observou o português 32 anos, que nunca foi feliz nesta prova do ATP Challenger Tour. Em 2018, uma das lesões mais grave da sua carreira (ombro direito) deu-se em Braga e teve de se retirar nos quartos de final; depois do dissabor na estreia em 2019, teve de saltar a prova de 2021 devido ao cotovelo direito e na época transata jogou limitado novamente do ombro. Nada que o desanime: “Há que manter a cabeça para baixo e continuar a trabalhar”.

Para já, Elias espera “conseguir competir e cumprir o que tenho no calendário” até final da temporada, com o “objetivo básico” de ingressar no top 250 e no qualifying do Australian Open. “Posso alcançar essa meta em um ou dois torneios. Se não tiver mais percalços será um objetivo relativamente tranquilo de atingir. Mas para isso é preciso estar fisicamente apto para competir jogo atrás de jogo e semana atrás de semana”.

Mesmo sem a rodagem competitiva necessária, Gastão Elias segue para o Del Monte Lisboa Belém Open, onde vai atual no clube no qual mais horas passou a bater na bola amarela. “Podem esperar um Gastão motivadíssimo. Quero jogar ténis, o que quase não consegui este ano” (risos).

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