Com sentimento de “falha perante o apoio incrível”, João Sousa deixa futuro em aberto

Porto Open

PORTO — Nem sempre os contos de fadas têm finais perfeitos, como ficou patente na 24.ª edição do Porto Open. Galardoado com um convite da organização para a prova depois de dois meses ausente a contas com problemas nas costas, de poucas vitórias em 2023 e do trambolhão no ranking ATP, João Sousa voltou à competição, somou quatro triunfos autoritários e só cedeu na final para o aniversariante Luca Nardi perante um Court Central do Complexo Desportivo do Monte Aventino a rebentar pelas costuras. Habituado a palcos ainda maiores, o vimaranense não escondeu as lágrimas na cerimónia de encerramento, o que retrata na perfeição o sentimento do antigo 28.º da hierarquia masculina.

“Eu era o primeiro a querer vencer, estive muito perto, e com todo o apoio do público senti-me frustrado por não dar essa vitória para que ficasse em casa e com eles. Dei o meu melhor e só posso estar contente com isso e tranquilo porque o ténis é assim. Podia ter jogado melhor, podia estar melhor fisicamente, mas é mesmo assim. Já tenho alguma idade para perceber que há que aceitar. Costumo dizer que ou se ganha, ou se aprende e hoje aprendi que não posso controlar todos os momentos. Tentei o que consegui e dei o melhor”, sublinhou o tenista de 34 anos no rescaldo da semana, em conferência de imprensa.

Diante um “ambiente de Taça Davis”, João Sousa destacou o “apoio incrível” e lamentou não ter arrecadado a quinta vitória da semana. “Não há melhor experiência num campo de ténis do que sentir que as pessoas estão ali a apoiar e querem que tu venças, é o auge de motivação de qualquer atleta. Ter o sentimento de que falhei perante esse apoio incrível deixa-me magoado, mas faz parte do ténis. Não depende só de mim, ele fez um grande encontro e também há que lhe dar mérito e à sua equipa”.

Para o desfecho diferente do desejo muito contribuiu a prestação do “futuro top 100, quem sabe top 50”, Luca Nardi. “É um grande jogador, demonstrou que é um jovem com muito talento e que tem vindo a evoluir. Era consciente disso, como disse ontem. Treinámos no primeiro dia e percebi. Surpreendeu-me a maturidade dele ao lidar com o ambiente de hoje, foi o melhor ambiente de toda a semana, o estádio estava completamente cheio e as pessoas nunca baixaram os braços sempre a torcer por mim“.

A chave do encontro, para João Sousa, esteve no início apático do segundo set e, sobretudo, na fase terminal desse mesmo parcial. “A 4-5 tive três pontos de break para tentar dar a volta e acredito que se aí tivesse feito o 5-5 as coisas teriam sido diferentes porque estava a jogar bem, com bom nível”. Ainda assim, apesar da desilusão, a semana é encarada como positiva porque “não tinha expetativa de fazer uma final, vim para desfrutar, jogar e ver como estava fisicamente”.

Superado o primeiro teste de fogo ao corpo e à mente, João Sousa terá agora um período de recuperação e reflexão, ainda com o futuro completamente incerto. “Esta semana dá-me motivação para continuar a jogar e perceber que o nível está cá. Acho que hoje jogámos a nível de top 100, mentalmente estou melhor e fisicamente não estou tão mal como achava. Vamos ver como recupero e como estou animicamente para continuar”.

Sem conseguir adiantar grandes pormenores, o 271.º ATP desta segunda-feira (uma subida de 81 lugares) remeteu até ao final de 2023 para conclusões definitivas. “Neste momento quero tentar desfrutar do ténis, que é algo que não faço há muito tempo”. A “semana bonita” ajudou e melhorou, agora há que fazer figas para que se repita brevemente e futuramente.

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