“O corpo tem memória” e João Sousa espera dar o mesmo alento à mente na final do Porto Open

PORTO — As quatro vitórias são inesperadas, certamente bem-vindas e acima de tudo importantes para João Sousa, que independentemente do que aconteça no derradeiro dia já fez da semana no Porto Open uma boa decisão no regresso tímido ao circuito após uma lesão nas costas que adicionou peso ao pior momento da carreira. Mas a alta competição corre-lhe nas veias e, por isso, não há outro objetivo que não vencer a final de domingo no Complexo Desportivo do Monte Aventino, onde espera dar à mente a sensação de vitória que esta é rápida a esquecer, ao contrário do corpo.

“Hoje é um dia feliz, estou muito contente com esta passagem à final”, começou por revelar numa conferência de imprensa em que fez eco da felicidade e da emoção que já demonstrara durante os dois momentos de conversa no court após derrotar o francês Jules Marie por 7-6(4) e 6-0 — primeiro nas declarações ao público que esgotou o court central, depois na flash interview à Sport TV.

“Os atletas de alta competição vivem das vitórias e vencer quatro encontros consecutivos depois de estar tanto tempo parado e de ter uma série de derrotas seguidas… É claro que no início da semana assinava, só passar a primeira ronda já assinava”, revelou entre sorrisos, a boa-disposição a tomar-lhe conta do rosto do primeiro ao último instante dos 10 minutos de conversa. “Assinava o estar bem física e animicamente e ter nível para continuar a jogar e isso tem vindo a acontecer.”

Com elogios à forma como elevou o nível no tie-break do primeiro set (tal como já tinha feito na véspera e novamente após salvar set points com o serviço) e sobretudo à maneira como pressionou para conseguiro break logo no arranque da segunda partida, João Sousa explorou a sensação de estar a viver uma semana atípica: “Tem sido estranho porque acho que o meu melhor encontro foi o primeiro. Normalmente elevamos o nível ao longo da semnaa, mas aqui tem sido ao contrário. Não estive tão bem nos últimos encontros, mas animicamente correu muito bem e é isso que tem marcado a diferença. Como disse ontem, jogar mal e vencer encontros é a melhor coisa do mundo porque qualquer atleta adora sentir que tem mais para dar e que apesar disso vence o encontro. É um bom sinal em termos de nível.”

Apontando “o foco” para este torneio como fator diferenciador e novamente “o apoio do público” como “fundamental” e “único”, o melhor tenista português da história desvalorizou a carga física da campanha e o facto de no domingo vir a atuar pelo quarto dia consecutivo: “Eu estou habituado e o meu corpo tem memória. Estou habituado a jogar cinco sets em torneios do Grand Slam, o meu corpo reage muito bem a isso. Considero-me um atleta acima da média, fruto do meu trabalho, também porque geneticamente sou propício a isso, e vou estar pronto.”

Do Porto Open, a que chegou “sem expetativas”, João Sousa poderá sair com o quinto título mais importante da carreira, só superado pelos quatro que ergueu ao mais alto nível no circuito ATP (Kuala Lumpur 2013, Valência 2015, Millennium Estoril Open 2018 e Pune 2022). Para isso, terá de superar um jovem talentoso que não conhecia antes de chegar à invicta, mas que o destino se encarregou de colocar no seu caminho logo no início da preparação: Luca Nardi, de 19 anos e número 153 mundial.

“Não o conhecia antes do torneio começar, mas sabia que era um miúdo que joga bem e queria ver como é que ele joga. No primeiro dia dele aqui treinámos juntos e foi uma boa experiência. Percebi que tem facilidade, que a bola anda bem e que é muito perigoso, como aliás tem demonstrado. Acredito que vai ser uma boa final, com um bom nível de ténis”, contou, não conseguindo conter uma gargalhada ao ser confrontado com o set de treino que ganhou e que estava a tentar não revelar por cortesia a Nardi, o autor da confidência na sua própria conferência de imprensa.

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