PORTO – Têm 11 anos de diferença, o que os faz estar em fases distintas das carreiras, mas se olharmos com atenção têm uma enorme semelhança: apesar das idades distintas, Luca Nardi, 19 anos, e Antoine Escoffier, de 31, estão a atravessar a melhor fase das respetivas carreiras. Este sábado discutem a primeira vaga na final do Porto Open.
LUCA NARDI
Italiano de Pesaro, onde reside e treina, é um pouco mais novo do que os já estabelecidos Jannik Sinner, Lorenzo Musetti ou Matteo Arnaldi. Diz-se detentor de bom serviço, agressivo e com ténis mais adaptado aos hard courts, piso onde arrecadou os seus três títulos na categoria intermédia do ténis profissional masculino, todos em 2022.
Aterrou no Porto numa série de três derrotas consecutivas e sem grande confiança. Mas triunfos sobre Nicolas Mejia, Gonçalo Oliveira (a perder por 3-1 no terceiro set) e Adrian Andreev levaram-no à segunda meia-final da temporada, cerca de cinco meses depois da final cedida em Pune. “Nos últimos torneios não joguei bem, não me senti bem fisicamente nem mentalmente. Tive uma lesão, não treinei muito, mas quis continuar a competir e não parei”, explicou.
Com a confiança restabelecida, e na sequência do “melhor encontro em meses”, o transalpino tem o top 100 e o apuramento para o quadro principal do Australian Open debaixo de olho. “Sem noção dos limites”, sabe que só a elevada capacidade de trabalho, com boa dose de humilde, o pode levar à concretização das metas.
Tem tentado descobrir a cidade do Porto, como aliás o faz na maioria das que visita. “É a minha primeira vez aqui e todas as noites janto em diferentes restaurantes. A comida é óptima, o que para os italianos é importante (risos)“.
Ainda não provou francesinha, quem sabe se não o fará para celebrar um eventual e desejado título no domingo, ele que é desde o final da primeira ronda o tenista com melhor cotação em prova. Um troféu que a concretizar-se virá no melhor dia possível: para festejar o 20.º aniversário. “Seria a prenda ideal”, confessou, entre sorrisos.
ANTOINE ESCOFFIER
“Os 31 são os novos 21″. Foi assim que o francês justificou o facto de só agora estar a atingir o pico de carreira. Escoffier está com o melhor ranking já logrado (162.º) e irá continuar a escalar depois do Porto Open, muito devido à excelente temporada de 2023: o Porto Open será a sexta meia-final da época e no passado domingo atingiu a primeira final Challenger, perdida em Segóvia. “Têm sido longas semanas, mas sinto-me bem e as pernas estão bem”.
A praticar “o melhor ténis da minha vida”, o gaulês admite que os “últimos dois anos foram os melhores da minha carreira e quer continuar”. “31 pode ser muito para o desporto, mas para o ténis não é assim tanto”.
Acima de tudo, houve uma “mudança de mentalidade”, iniciada com a inserção da esposa para a equipa técnica. “Contratei uma mental coach, o que foi fácil por ser a minha mulher. Viajamos juntos quase todas as semanas, falamos muito, sou 100% aberto com ela. Sinto-me livre para lhe contar tudo”.
“Com o meu ranking não consigo pagar a uma grande equipa, mas há dois anos tomei a decisão de viajar com ela, porque sabia que era a parte do meu ténis que mais podia melhorar. 80% do ano andamos juntos”, contou, confessando que a permissão do coaching tem sido uma boa ajuda. E não tem qualquer problema com a mistura da vida pessoal com a profissional. “É fácil perceber os papéis. Estamos juntos há 11 anos, conhecemo-nos muito bem”.
Habituado a competir em Portugal, Antoine Escoffier deixou elogios para as organizações portuguesas, em especial a do Porto Open, pelo privilégio ao bem-estar dos atletas. E se há tenista estrangeiro a saber do que fala é o francês, que já percorreu o país de lés-a-lés em provas nacionais. Um dos 13 títulos no circuito ITF foi alcançado na Beloura, em 2019, um local onde o vento também se faz sentir como nesta semana no Complexo Desportivo do Monte Aventino. Mas esse troféu, apesar de conquistado há cerca de quatro anos, não estava presente na memória. “Lembro-me agora que falam nisso” (risos).
Para voltar a celebrar terá de sair vencedor em mais dois embates, a começar pelo deste sábado frente a Nardi. “Não o conheço muito bem, mas o meu novo treinador é italiano, pode ajudar. Sei que é bom jogador, muito novo, 11 anos mais novo que eu (risos). É uma grande diferença”.