PORTO — A experiência de Pierre-Hugues Herbert fez a diferença e permitiu ao francês (ex-top 40 de singulares e número um mundial de pares) dar a volta a Jaime Faria para vencer por 6-7(1), 6-4 e 6-4 e marcar encontro com João Sousa nos quartos de final do Porto Open, o torneio Challenger mais importante de sempre (por ser o primeiro da categoria 125) no Norte do país.
Num duelo de gerações que foi, também, um contraste de estilos e um teste de resistência às condições ventosas, o gaulês de 32 anos assinou a reviravolta contra o português, de 19, ao cabo de 2h28 perante algumas centenas de espetadores que não arredaram pé na tentativa de ajudarem o jovem da casa a assinar uma das vitórias mais importantes da carreira.
Os primeiros jogos do encontro colocaram Herbert bem encaminhado para arrecadar a primeira partida, mas uma recuperação in-extremis permitiu a Faria encaixar três jogos consecutivos e forçar um tie-break de 2-5. Tal como na ronda anterior, o jovem lisboeta — mas com a família a viver no Porto — apoiou-se num serviço extremamente apurado e numa pancada de direita afinada para lutar de igual para igual com o gaulês, assinando um ‘tira-teimas’ perfeito para consumar a reviravolta e passar para a frente no marcador.
Herbert, que foi assistido ao pé esquerdo no final do primeiro set, não desistiu e começou o segundo com um break. A resposta de Faria não tardou, mas o francês tirou proveito de um jogo de serviço demasiado apressado para voltar a quebrar o serviço e pouco depois igualou o encontro.
Com tudo empatado, Herbert subiu o nível. Mais experiente, com mais armas — o jogo de rede é dos melhores do circuito, ou não tivesse ele liderado o ranking mundial de pares e conquistado 23 títulos, entre os quais cinco em torneios do Grand Slam — e em crescendo ao mesmo tempo que o vento diminuiu, apesar de ter voltado a pedir a intervenção do fisioterapeuta (desta vez para a coxa esquerda), o francês subiu à rede para assinar o primeiro break do terceiro set, ao sétimo jogo. Faria ainda retaliou no jogo seguinte, mas o desgaste físico atormentou-lhe o discernimento e resultou num novo e decisivo break logo a seguir, este com uma dupla falta.
A derrota desta quinta-feira significou o fim do Porto Open para Jaime Faria, que na cidade invicta ‘furou’ o qualifying e, depois, ultrapassou pela primeira vez na carreira a primeira ronda do quadro principal de singulares de um Challenger — e logo num evento da categoria 125. Os pontos amealhados não serão suficientes para celebrar a inédita entrada no top 500, mas dará um novo passo importante com um novo máximo de carreira a cerca de uma dezena de posições desse objetivo.
Quanto ao francês de 34 anos, será o adversário de João Sousa nuns quartos de final de luxo entre dois jogadores que já estiveram no top 40 do circuito mundial — Herbert foi 36.º em fevereiro de 2019, o português chegou ao 28.º posto em maio de 2016.