PORTO – Nem com os dedos de uma mão se contam os duelos que Gastão Elias protagonizou nos últimos quatro meses. Uma rotura na coxa esquerda, agravada pelo meio, afastou o antigo 57.º do ranking ATP do circuito, atirou-o para o posto 350 e e retirou-os dos torneios do Grand Slam. O regresso deu-se no Porto Open, após experiências em solo alemão, e nem todas as condicionantes o impediram de somar uma das melhores vitórias dos últimos anos, ao bater o francês Quentin Halys (73.º), primeiro cabeça de série da prova.
“Estou muito feliz, obviamente. Tenho que levar em conta que é o meu primeiro encontro, lá está, vários meses sem competir, mas senti-me bem, tenho feito um ou outro encontro na Alemanha que me tem ajudado a ter uma noção de como está o meu nível. Não deixa de ser uma surpresa voltar e ter um triunfo destes, mas ao mesmo tempo sabia que estava com bom nível, fisicamente sentia-me bem e portanto acho que foi um dia para ficar muito feliz, mas ao mesmo tempo manter os pés assentes, porque sei que amanhã posso voltar ao campo e pode ser muito diferente mesmo jogando com um adversário que na teoria está abaixo do adversário de hoje. De um modo geral fiquei bastante feliz até porque não considero que tenha jogado o meu melhor ténis, até houve vários momentos em que cometi alguns erros que não são normais, mas de certa forma foi bastante positivo”, resumiu o tenista natural da Lourinhã em conferência de imprensa.
Apesar da “tranquilidade” com que está a encarar a semana, “sem qualquer tipo de pressão”, Elias disse ter disputado o encontro “muito, muito nervoso”, tão nervoso que “até estava enjoado”, algo que não sentia “há muito tempo”.
“Diria que talvez tenha sido dos melhores regressos que tive, de todas as lesões foi aquela que voltei a jogar a um nível mais perto do que estava antes”, sublinhou o tenista de 32 anos, habituado a ver o corpo traí-lo em bons momentos da carreira, o último dos quais na final do Challenger de Girona, em finais de março, quando parecia encaminhado para mais um título na categoria.
Aliás, nos últimos 12 meses o atual número quatro nacional logrou bater tenistas do gabarito de Pedro Cachin, Jaume Munar e Pedro Martinez, além da saborosa vitória frente a outro top 100 nesta terça-feira. Triunfos que dão alento e confiança em superar a maior barreira: o próprio corpo. “Tem sido uma luta. Não tenho estado excelente fisicamente, mas faz parte e espero ter o corpo a 100% o mais breve possível para competir sem preocupações e mostrar o meu nível, porque acho que está à vista que consigo fazer umas coisas engraçadas”.
Para ficar tudo mais engraçado, Gastão Elias terá de ultrapassar novo gaulês, no caso Jules Marie, vencedor do Porto Open que terminou domingo, neste palco, mas da categoria ITF. “Não estou minimamente preocupado com o próximo adversário, porque vou entrar igual ao jogo de hoje: completamente tranquilo, não tenho pressão nenhuma. Se calhar vai ser ainda mais duro porque vem de ganhar um título, vem muito confiante, não falha uma bola, vai-me fazer jogar todos os pontos, vou ter de bater 170 bolas por ponto. Será um teste muito mais fisico do que o de hoje”.