Gonçalo Oliveira: “Há um ano estava a pensar retirar-me, agora estou a jogar o melhor ténis da minha vida”

PORTO — Quem o viu e quem o vê: cabisbaixo há 12 meses, Gonçalo Oliveira mudou o chip e encontrou o melhor ténis da carreira para se recolocar na rota de objetivos que chegou a descartar, tendo viajado para o Porto Open com um impressionante registo de 60 vitórias e sete títulos em 2023. Depois de assinar a 61.ª falou do processo que trabalhou desde o final do último ano e também das dúvidas que o deixaram perto de pendurar as raquetas.

“A verdade é que nesta altura do ano passado o Gonçalo estava a pensar em retirar-se do ténis. Disse aos meus familiares que Braga e Lisboa iam ser os meus últimos torneios. Mas o Gonçalo de agora está a jogar o melhor ténis da vida, está mais experiente, tem outra forma de ver o ténis e acho que isso ajuda muito”, contou em conferência de imprensa depois de ultrapassar a primeira ronda do Challenger da cidade invicta (este ano elevado à categoria de 125) com uma vitória por 6-4 e 6-0 contra Lucas Poullain.

“Tive o apoio do meu pai e a sorte de conhecer as pessoas certas no momento certo. Também tive várias conversas com jogadores, como Gilles Simon e o Benoit Paire quando os defrontei, que me disseram que estava a jogar bem e que seria uma pena porque ainda sou novo e devia tentar”, acrescentou Oliveira, que voltou a descobrir o gosto pela vitória: “Este ano já cheguei a muitas meias-finais, finais e ganhei sete títulos. Agora sei que é um trabalho de uma semana e a satisfação que dá chegar ao fim da semana e ter um título é especial.”

Os resultados são os melhores de sempre (nunca um português tinha erguido sete títulos individuais numa só época) e acompanham a “confiança” e a “felicidade” que sente. Aos 28 anos, Gonçalo Oliveira está de volta ao melhor que sabe fazer e motivado para mais, até porque “o meu ranking tem uma base muito sólida que me faz só defender seis pontos até ao final do ano, porque se caírem uns entram automaticamente outros” — porque para as contas da hierarquia só entram os 19 melhores resultados de uma época e a consistência dos sete primeiros meses de 2023 já lhe garantiu mais semanas com pontos.

Sem querer revelar os objetivos que o movem até ao final da época, Gonçalo Oliveira não escondeu que quer começar o próximo ano a jogar o qualifying do Australian Open. O regresso aos torneios do Grand Slam chegou a ser desprezado no passado, mas voltou a estar presente na cabeça do tenista portuense neste verão.

De regresso à segunda divisão do circuito masculino e bem encaminhado para não só voltar a participar num Major, como superar o melhor registo da carreira no ranking (foi 194.º em dezembro de 2017 e atualmente ocupa o 259.º lugar), Gonçalo Oliveira adicionou no início do ano à equipa o treinador Eduardo Rodrigues, que se juntou ao pai, Abílio Oliveira, na missão de desbloquear novos voos.

A adição permitiu-lhe reforçar a aposta no Algarve como base, pois passou a contar com parceiros de treino na casa onde dispõe de um court de ténis, e também conhecer “novos talentos de quem não se fala, mas que também podem conseguir resultados”.

Mas esta semana é no Porto, a sua verdadeira casa, que atua. E os ingredientes de que dispõem fazem-no acreditar numa boa semana perante a família: “Estou com bastante confiança e espero voltar a ganhar amanhã”, garantira logo no início do torneio.

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