FIGUEIRA DA FOZ – Três encontros, três vitórias de Francisca Jorge no Figueira da Foz Ladies Open, no qual já atingiu as meias-finais mais importantes da ainda curta carreira. Embalada pelos triunfos frente a Georgina Garcia-Perez e Kristina Mladenovic, a número um nacional voltou a não ceder sets, desta vez face à britânica Yuriko Lily Miyazaki, e elevou o nível em relação aos anteriores duelos.
“Foi a minha melhor exibição da semana. Joguei mais limpo, procurei variações e fui bastante agressiva. Estou muito contente com a minha prestação, foi bastante boa”, começou por analisar a vimaranense de 19 anos, que no final do embate estava visivelmente emocionada pelo novo e importante passo que deu.
Num compromisso no qual nem sequer enfrentou um break point – e as melhorias no serviço têm sido notórias e motivos de realce pela quantidade de pontos que amealha ‘de borla’ -, Francisca Jorge destacou a abordagem mais agressiva que está a tentar impingir para contrariar a tendência mais consistente do seu ténis. “Jogas como treinas e é algo que estou a tentar implementar desde o treino. Estou apta para o fazer e quero meter esse vinco no meu jogo. Sei que também tenho essa solução”.
Acima de tudo, prestações como esta na Figueira da Foz aumentam a crença “para jogar a este nível”, ou até superior, nesta que é somente a segunda prova de 100.000 dólares da carreira. “Tenho mostrado bom ténis desde o início da época, apesar de alguns percalços. Faltava apenas um bocadinho o ‘clique’ de ganhar encontros duros”
Sempre bastante apoiada em território nacional, a melhor portuguesa dos últimos cinco anos tem aproveitado muito bem os torneios portugueses. Os quatro títulos e todas as oito finais (individuais) da carreira foram por cá – em especial a maior de todas em abril, no Clube Escola de Ténis de Oeiras (60.000 dólares) -, além do recente brilharete na representação nacional na Billie Jean King Cup, na qual somou oito triunfos entre singulares e pares fundamentais para a promoção ao Grupo I. E agora a maior meia-final do palmares. “Temos sorte de ter estes torneios de alto gabarito em Portugal. Jogo bem estas provas maiores porque consigo passar a pressão para o outro lado. Gosto dos palcos grandes e a verdade é que consigo jogar bom ténis nessas ocasiões”.
Mas, como o “torneio ainda não acabou”, a altura não é para balanços nem celebrações excessivas. Este sábado há Carole Monnet para defrontar, francesa que é sexta cabeça de série (186.ª do ranking WTA) e uma adversária de boas memórias, ao contrário de Garcia-Perez e Miyazaki onde havia “espinhas encravadas”, pois o terceiro título consecutivo em Lousada (2019) foi conquistado às suas da próxima rival na final.
“Lembro-me vagamente. Foi duríssimo e nunca acreditei que ia ganhar porque ela é bastante competitiva, muita aguerrida em todos os pontos”. E mesmo que de 2019 até aos dias de hoje muito tenha mudado, a atual 324 da hierarquia feminina (vai regressar ao top 300 na próxima segunda-feira) sabe o que a espera na penúltima fase da competição.
“Sinto que ela evoluiu bastante, mas eu também. Ela está mais agressiva, mexe-se bastante bem em campo, tem bom físico e acho que amanhã vai ser por aí, vou tentar fugir ao que ela gosta, o jogo fisico. É uma jogadora que procura bastante a intensidade, mas acho que o meu tipo de jogo tem armas para defrontá-la. Vou procurar isso e tentar impor-me”, anteviu.
A receita passará, igualmente, por manter a receita de sucesso nesta semana e nas provas maiores: sacudir a responsabilidade. “Ela deve sentir que tem a pressão do lado dela. Eu entrei como wild card, ela é que é a cabeça de série”.