Um ano depois de viajar até Londres com gesso no tornozelo para apoiar a melhor amiga em Wimbledon, onde uma lesão no pulso a impediu de competir, a checa Marketa Vondrousova completou o regresso com uma quinzena de sonho que fez dela campeã de um torneio do Grand Slam pela primeira vez.
Aos 24 anos, a jogadora natural de Sokolov superou a tunisina Ons Jabeur — que já tinha jogado a final no ano anterior — graças aos parciais de 6-4 e 6-4.
Apesar de ter sido vice-campeã de Roland-Garros em 2019 e dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021, Vondrousova continuou a passar ao lado dos maiores holofotes do desporto, superada pelos feitos de conterrânes e até compatriotas (apesar de ser a número 42 mundial à entrada para este torneio era apenas a sétima melhor jogadora da República Checa), mas sobretudo pelas várias e complicadas lesões que lhe atormentaram os últimos anos.
Até agora.
Este sábado, a exibição de Vondrousova contrastou com a de Jabeur, que foi traída pelo nervosismo: a disputar a terceira final dos últimos 12 meses em torneios do Grand Slam, a histórica tenista tunisina e árabe sentiu o momento quando construiu uma vantagem de 4-2 e desperdiçou várias oportunidades para a dilatar, transformando-se numa jogadora totalmente diferente — muito mais lenta e muito mais errática.
Apesar de ainda ter ensaiado uma recuperação no segundo set, em que começou por ceder o serviço antes de passar a liderar ela por um break, Jabeur foi sempre uma miragem da sua melhor versão.
Em apenas 80 minutos de encontro cometeu 31 erros não forçados (contra apenas 13 de Vondrousova) e ao longo do duelo só conseguiu colocar 48% dos primeiros serviços, vencer 48% desses pontos e 45% após colocar o segundo serviço, números muito baixos que abriram a porta a que a checa, uma das tenistas que melhor defende no circuito feminino, aliasse a consistência a uma dose de atrevimento suficiente para desafiar o teórico favoritismo da tunisina.
Desta forma, Marketa Vondrousova tornou-se na primeira campeã da história de Wimbledon a não pertencer à lista de cabeças de série, um feito ainda mais impressionante tendo em conta que apenas em 2001 é que o torneio aumentou o lote de pré-designadas de 16 para 32.
Fustigada por lesões e derrotada nas duas maiores finais que disputou até este sábado, a checa ergueu, em Wimbledon, o troféu mais importante da carreira e apenas o segundo no circuito principal, seis anos depois de ter entrado para a galeria de campeãs em provas WTA ao vencer um evento em Biel, na Suíça.
Última atualização às 15h51.