O duelo entre Stefanos Tsitsipas e Dominic Thiem na primeira ronda era um dos mais aguardados desde que o sorteio de Wimbledon aconteceu e, depois de um início lento e desanimado na terça-feira, não só cumpriu, como superou as expetativas ao transformar-se numa batalha de cinco sets muito animada, recheada de qualidade e que só terminou no tie-break ‘especial’ da quinta partida. A vitória foi para o grego, que terá menos de 24 horas para recuperar antes de enfrentar Andy Murray.
Por Gaspar Ribeiro Lança, em Wimbledon
Estranhamente programado para o Court No. 2 (o terceiro maior do complexo, muito longe das dimensões dos dois palcos superiores), o 10.º frente a frente da história entre Tsitsipas e Thiem começou de forma morna na jornada anterior, em que o austríaco conseguiu tomar a liderança ao vencer uma primeira partida pouco espetacular, mas na qual foi recompensado pelos poucos erros que cometeu ao mesmo tempo que praticou um ténis limpo e assertivo.
Suspenso como tantos outros pela chuva, o braço de ferro passou para a jornada desta quarta-feira, que também começou com precipitação. O grego e o austríaco tiveram de esperar horas consideráveis até poderem retomar a ação, porque primeiro ainda foram a jogo Maria Sakkari e Marta Kostyuk (a ucraniana perdeu os primeiros sete jogos do encontro e terminou com uma recuperação notável) de Taylor Fritz e Yannick Hanfman, que tinham a maior parte do quinto set em suspenso desde, imagine-se, segunda-feira.
A longa espera não foi, felizmente, sinónimo de adormecimento para nenhum dos protagonistas e, pelo contrário, quer Tsitsipas (que teve uma época de relva terrível até chegar a Londres), quer Thiem (ainda muito longe do seu auge) regressaram ao court melhor do que na véspera.
E as três horas de ténis que se seguiram foram das melhores que já se viram no torneio, mesmo que dizer isso depois de três jornadas tão afetadas pelo mau tempo ainda possa parecer pouco. Os números, neste caso, ajudam a descrevê-las: ambos subiram 64 vezes à rede (Tsitsipas foi ligeiramente mais eficaz, ao vencer 46 contra os 44 pontos de Thiem) e tanto o grego quanto o austríaco superaram as seis dezenas de winners (69 para o primeiro, 63 para o segundo).
Conjugados com as duas esquerdas a uma mão extremamente acertadas, ainda que por estes dias as pancadas de direita sejam as mais fiáveis de ambos (mas não tão pitorescas), o resultado foi uma ode ao ténis old school, com a relva a impôr ajustes a que ambos corresponderam de forma positiva e cativante.
Afinal, este duelo merecia mesmo um palco maior do que o No. 2 Court do All England Club, o que já não será um problema pois o duelo de Tsitsipas com Murray acontecerá, inevitável e acertadamente, em prime time no Centre Court.
