Nuno Borges cabisbaixo após lesão em Wimbledon: “Era uma grande oportunidade e saio daqui muito triste”

Foi um dia infernal aquele que ditou o afastamento de Nuno Borges do torneio de Wimbledon. Depois de esperar várias horas para iniciar o encontro que estava previsto para a véspera, o número um português voltou a lidar com uma interrupção por causa da chuva, regressou ao court entre a espada e a parede e uma reação a roçar a perfeição colocou-o em posição de sonhar com uma das melhores vitórias da carreira e a primeira no quadro principal do ‘Major’ britânico. Até que uma escorregadela típica do ténis em relva lhe estragou os planos e condicionou tudo o que sobrou do duelo com Francisco Cerúndolo, sobre o qual falou em exclusivo com o Raquetc ainda no All England Club.

Por Gaspar Ribeiro Lança, em Wimbledon

“Quem viu o encontro percebeu que a verdade é que depois de escorregar eu deixei de conseguir dar dois passos normais para o lado. Na altura fiquei logo preocupado porque soube que era mais do que um simples jeito. Claramente mudou o encontro todo e saio daqui muito triste. Já fiquei várias vezes triste por perder, mas sofrer uma lesão é o maior pesadelo de cada jogador”, começou por explicar o melhor tenista português da atualidade — e único a participar nos quadros principais de singulares em Wimbledon este ano.

Depois de realizar um raio-x rápido ainda no All England Club, Borges terá de esperar pelos exames mais aprofundados de quinta-feira para conhecer a gravidade daquela que descreveu como “uma espécie de entorse no tornozelo direito” que segundo o médico que o avaliou “pode ou não ter a ver com o ligamento ou com o osso”, mas que não acredita ser algo que o vá deixar incapacitado “por meses”.

“Ainda é muito cedo para dizer mais do que isto porque só depois de estar sob o efeito dos anti-inflamatórios e de ter uma noite de descanso em cima é que vai ser possível saber mais, mas não é fácil sair de Wimbledon com uma derrota num encontro em que senti que, se não fosse a escorregadela, era uma oportunidade muito boa de ganhar”, acrescentou o maiato de 26 anos.

Muito cabisbaixo, Borges admitiu que só se manteve em jogo por tratar-se de um torneio desta importância: “O resultado dos sets seguintes até pode ter parecido equilibrado, mas eu estava lá dentro e sabia que só estava a jogar até perder porque dificilmente conseguiria levar aquilo para o meu lado, sobretudo sendo à melhor de cinco sets. É uma situação com a qual ainda não sei lidar muito bem e se calhar devia ter-me retirado para não arriscar mais o pé ou outras lesões, porque claramente estava a compensar com outras partes do corpo.”

“Numa próxima ocasião possivelmente não terminarei o encontro”, acrescentou, antes de salientar que Wimbledon é “um torneio muito importante para mim e que me diz muito, mas quero continuar a competir e no resto do ano e tenho uma carreira pela frente, por isso é algo a que tenho de dar atenção.”

Sobre o ténis jogado, Nuno Borges debruçou-se sobre os primeiros 13 jogos: “A interrupção por causa da chuva (ao 4-5 30-40) até me ajudou porque [no regresso] consegui virar aquele jogo e de repente tive um jogo de resposta em que ele me deu mais duas ou três oportunidades. Achei que ele já estava quase rés-vés, a perder a cabeça e muito irritado, mas a mim também me estava a custar entrar no encontro. Entrei logo com um break abaixo e isso é algo que a um jogador destes dá muito conforto, mas acabei por dar a volta ao meu jogo de serviço quando voltámos e a partir daí subi muito o nível e o momentum realmente mudou. Senti que a partir daí estava com muito mais confiança e que podia aproveitar o momento menos bom dele, mas ‘cortei-me’ a mim mesmo… Foi um split step normal em que o pé me fugiu, algo que não teria acontecido em nenhum outro caso, mas a relva é mesmo especial neste aspeto.”

A derrota em Wimbledon foi a quarta consecutiva de Nuno Borges na curta temporada de relva, que até começou com umas meias-finais no Challenger de Nottingham. Depois, seguiram-se saídas à primeira no Challenger de Ilkley, onde o encontro do português foi transferido da relva ao ar livre para o piso rápido em recinto coberto, e no ATP 250 de Eastbourne.

“Gostava de ter ganho mais alguns encontros para dar seguimento àquela primeira semana, mas a relva é muito especial e todos os torneios foram diferentes. Não estou totalmente desapontado, mas espero fazer melhor para a próxima porque acho que posso ter bons resultados na relva e espero voltar mais forte para o ano”, comentou quando chamado a fazer uma avaliação do último mês.

Só na quinta-feira, quando conhecer o resultado dos próximos exames à lesão que sofreu no encontro de singulares, é que tomará uma decisão relativamente à participação no quadro de pares ao lado de Nicolas Barrientos. Mas é altamente provável que a temporada de relva tenha terminado para Nuno Borges, que está inscrito nos ATP 250 de Atlanta (EUA) e Los Cabos (México) nas semanas de 24 e 31 de julho caso recupere do contratempo de Wimbledon.

Última atualização às 20h59.

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