“Estou ansioso por regressar um dia para beber um chá”.
A frase, dita por Roger Federer durante uma das várias entrevistas nas quais foi confrontado com o dia em que terminaria a carreira, foi recuperada pela organização para o curto vídeo que assinalou a segunda entrada do tenista suíço no Centre Court de Wimbledon com um papel diferente do de jogador, mas primeira para sentar-se na Royal Box de onde, durante anos, a realeza britânica assistiu às vitórias que o tornaram no recordista de títulos masculinos (oito) no mais antigo e tradicional dos torneios.
E segundos depois ele surgiu, com um fato creme, camisa listada azul e branca e gravata a condizer.
Se em 2022 participou na cerimónia de celebração do 100.º aniversário do Centre Court quando ainda era tenista profissional (apesar de depois disso já não ter disputado qualquer encontro oficial), em 2023 a aparição de Federer no palco principal do All England Club deu-se precisamente por causa do anúncio que fez em setembro último, quando comunicou ao mundo a decisão de pendurar as raquetas.
Com a carreira encerrada, a organização de Wimbledon não deixou passar a ocasião e preparou uma receção para assinalar a ocasião.
Só que Federer não pisou a relva do Centre Court nem tampouco discursou — apenas foi convidado a sentar-se, pela primeira vez na carreira, na Royal Box.
E ao fazê-lo foi aplaudido de pé durante vários minutos pelas cerca de 15.000 pessoas que, atipicamente, preencheram todos os assentos a tempo de o verem regressar ao court onde escreveu as páginas mais douradas da carreira — e no qual, para além dos oito títulos recorde, disputou outras quatro finais.
À esquerda a mulher, Mirka Federer, e à direita a princesa de Gales, Kate Middleton, juntavam-se à ovação de pé que se prolongou por um par de minutos.
Depois, sinal de desilusão pela brevidade e simplicidade da ocasião, a bancada de imprensa — que até então estava lotada, obrigando a esforços de gestão extra por parte dos responsáveis do gabinete — ficou rapidamente vazia ao mesmo tempo que os rostos dos muitos espetadores que se apressaram a preencher as bancadas espelharam um sentimento semelhante.
Federer permaneceu na Royal Box para assistir ao início da defesa do título de Elena Rybakina (a tradição manda que o campeão masculino abra a ação no Centre Court no primeiro dia e a campeã feminina faça o mesmo na segunda jornada), Wimbledon deixou passar a ocasião de reconhecer de forma memorável um dos raros jogadores capaz de elevar o próprio nome ao estatuto dourado do torneio.