PARIS — Nuno Borges assinou a primeira vitória da carreira no quadro principal de Roland-Garros, mas precisou de sofrer para vencer e no final não escondeu o alívio e o entusiasmo que sentiu ao passar pelo ‘gigante’ John Isner após um tie-break da quinta partida e quase quatro horas de braço de ferro.
“Estou orgulhoso da minha capacidade de ter aguentado até ao fim”, reconheceu o número um nacional (e 80.º classificado no ranking ATP) em declarações aos três jornalistas presentes na sala one-on-one de Roland-Garros após vencer por 6-4, 5-7, 7-6 (3), 4-6 e 7-6 (9).
“Foi uma batalha mental gigante porque entrei muito bem, praticamente sem falhar uma bola, mas depois fui quebrado a servir para fechar o terceiro set e tive de fazer um esforço muito grande para ‘sacar’ o tie-break. Logo a seguir entrei a servir mal no quarto set e levei o break e no quinto voltei a ser quebrado quando servi para fechar… O tie-break terminou 11-9 e na minha opinião foi merecido porque podia ter corrido ainda melhor para o meu lado, mas ao mesmo tempo também podia ter corrido muito mal”, acrescentou sobre a montanha-russa de emoções (e lideranças desperdiçadas) que viveu ao longo das 3h57 de encontro.
“Já o vi muitas vezes na televisão e os encontros dele são sempre a mesma coisa: baseia-se muito no serviço e por isso também causa muita pressão nos jogos de resposta. É preciso aceitar que os erros dele são bons para mim e tive de me motivar com isso, porque sendo um jogador que toma muito conta do jogo se ficar à espera de um winner meu posso demorar um pouco. Foram muitos altos e baixos, mesmo em termos de ânimo”, acrescentou o maiato, que se tornou no quinto português (quarto homem) a celebrar no quadro principal de singulares de Roland-Garros.
Superado o melhor servidor da história do ténis, Nuno Borges terá um desafio bem diferente na segunda ronda, agendada para quarta-feira: ou o espanhol Bernabé Zapata Miralles ou o argentino Diego Schwartzman, dois ‘terráqueos’ que prometem um frente a frente com contornos totalmente distintos: “Vai ser um encontro mais físico, com mais trocas de bolas do fundo do campo. Isso de certa maneira dá-me mais conforto, mas será muito complicado. Tenho dois dias para recuperar e sinto-me bem porque saio daqui um pouco cansado, mas também mais confiante.”