A abraçar o profissionalismo com ambição, Daniel Rodrigues regressou a Portugal com uma vitória

Beatriz Ruivo/FPT

OEIRAS — Daniel Rodrigues assinou a primeira vitória de um tenista português no Oeiras Open 4 e após dar um passo importante em direção ao quadro principal de singulares passou pela sala de conferências de imprensa do Complexo de Ténis do Jamor, na qual abordou a transição do circuito universitário norte-americano para o profissional e revelou os ambiciosos objetivos com que olha para esta temporada.

“Estava preparado para ganhar, mas no final foi um bocadinho difícil fechar o encontro. Senti o nervosismo por estar a jogar em casa e perante algum público. Já tinha começado nervoso e consegui soltar-me, mas no final voltei a ficar nervoso porque percebi que estava muito perto de fechar acabar com o encontro”, explicou depois de superar o cazaque Denis Yevseyev (296.º e nono pré-designado) por 6-4, 2-6 e 6-4 — os parciais do triunfo no primeiro encontro em Portugal desde setembro de 2022.

A conversa sobre o duelo deste domingo foi, na verdade, curta, porque ainda maior era a curiosidade sobre a situação do madeirense: atualmente com 23 anos, já concluiu os estudos nos Estados Unidos da América (estudou Psicologia com Gestão Financeira na Universidade da Carolina do Sul e tornou-se no segundo português a liderar o ranking, repetindo a proeza de Nuno Borges) e agora dá os primeiros passos como tenista profissional.

Entre os EUA, onde está a namorada, e Portugal, por onde “muito provavelmente” passará o caminho para encontrar uma base de treinos e equipa técnica, as hipóteses ainda se sobrepõem às soluções. Mas a calma impera na cabeça do jovem-adulto Daniel Rodrigues: “Quero ter uma boa mentalidade antes de pensar em encontrar um treinador”, adiantou antes de referir o top 350 como o grande objetivo para o que falta da época.

“Posso não chegar lá, mas é o meu objetivo. Se chegar lá quero continuar [a jogar], senão também tenho oportunidades de trabalho nos Estados Unidos da América e gosto de outras coisas fora do ténis”, acrescentou com uma descontração pouco habitual.

Para já, Daniel Rodrigues quer, acima de tudo, desfrutar: “Nem sempre é fácil quando perdemos, mas não pode ser assim. Estou a tentar aproveitar cada dia que passa porque sou mais feliz assim”, explicou com um sorriso no rosto. Mais tarde, falou da meditação como outro aspeto importante para o seu ténis: “Gosto de aprender sobre a meditação e deixar que as coisas aconteçam em vez de forçar tem-me ajudado muito. Aprendo mais a estudar sobre meditação do que a ver highlights, para mim isto é essencial.”

Apesar de este ser o primeiro ano com os estudos concluídos, a pouca experiência de Rodrigues ao mais alto nível antes de abraçar o profissionalismo já tinha dado frutos: em 2017, então com 17 anos, foi finalista do Campeonato Nacional Absoluto (perdeu essa final para João Sousa) e dois anos mais tarde alcançou o mesmo resultado no Porto Open, já promovido a ITF de 25.000 dólares.

Entretanto, já este ano, regressou a uma decisão do circuito internacional (foi vice-campeão em Monastir), mas é o próprio quem afirma sem espaço para hesitações que ainda há muito a melhorar: “Ainda não sou completo. Gosto muito de dar spin na direita e de bater a esquerda cruzada, mas há hipótese de melhorar muitas coisas. É difícil perceber por mim mesmo o que é que ainda me falta e é aí que um futuro treinador também pode ser importante.”

Sem se alongar, referiu o Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis como “uma possibilidade” e acrescentou já terem existido “conversas”, mas destacou que o projeto está “virado para jogadores mais novos” e que, portanto, ainda nada está definido. Apesar de ser lá que treina um dos jogadores que mais o inspira: “Já perguntei muitas coisas ao Nuno Borges e ele ajudou-me sempre. Já está noutro patamar e a jogar muito bem, mas não estou surpreendido. É fácil dizer isto agora, mas sempre achei que ele ia ser top 100 e merece isto. É muito humilde.”

Passo a passo, para já venha a segunda ronda do qualifying: é já na segunda-feira, não antes das 11 horas, contra o francês Manuel Guinard e se vencer jogará pela primeira vez o quadro principal de um Challenger em terra batida — a superfície de que esteve afastado durante mais de quatro anos, mas que não estranha: “Treinei muito em terra batida na Beloura, por isso tenho de me convencer de que jogo bem quer em terra batida, quer em piso rápido e de que posso ganhar ganhar um torneio em qualquer superficie.”

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