Nas asas de Bernardo Mota, Tiago Boschmans fez a estreia inesperada no ATP Challenger Tour

Sara Falcão/FPT

OEIRAS – Sábado às 17h25 Tiago Boschmans tinha planos para domingo como qualquer rapaz de 17 anos. Ir à praia com os amigos, ou mesmo ir até ao Complexo de Ténis do Jamor assistir ao segundo encontro da carreira no ATP Challenger Tour do grande amigo Tiago Pereira. Mas como as melhores histórias, por norma, são as inesperadas, um convite surpresa uns minutos depois deu-lhe a chance de competir somente pela segunda vez num torneio profissional. Menos de 24 horas depois dos planos iniciais, Boschmans estava a disputar a fase de qualificação inédita num Challenger — e logo na categoria de 125.

O resultado de 4-6 e 3-6 face a Andrey Chepelev (407.º do ranking ATP) dá bons sinais da competitividade e valor do jovem português, que não jogava em terra batida “há alguns meses”, mas que apesar disso “aguentou o ritmo” do opositor mais credenciado, para sua surpresa. “Não fiquei stressado quando recebi a notícia, fiquei até entusiasmado porque sabia que não tinha obrigação de ganhar. Tentei divertir-me ao máximo e gostei da experiência”, analisou no rescaldo, em conferência de imprensa.

O bilhete inesperado para disputar o segundo torneio Challenger 125 da história em solo português muito se deveu a Bernardo Mota. O antigo internacional português e um dos melhores tenistas da história do nosso país tem Tiago Boschmans na sua alçada já desde os tempos do Carcavelos Ténis & Padel e solicitou à Federação Portuguesa de Ténis um wild card para o qualifying.

“É uma sorte poder ser treinado por ele. Começámos há uns quatro anos, individualmente há dois ou três quando saímos juntos do Carcavelos. Tem sido uma jornada muito interessante, ele mudou completamente o meu estilo de jogo, a minha maneira de pensar. A partir de agora é sempre a subir”, relatou o estreante a este nível sobre a parceria, agora com base na Quinta da Moura.

Com um ténis mais solidificado e “subidas à rede mais apoiado e não à maluca”, Boschmans sabe perfeitamente a quem dá ouvidos diariamente. “É a pessoa com quem passo mais tempo. Já ouvi todo o tipo de histórias. Sei que foi um grande jogador, jogou os Jogos Olímpicos e os Grand Slams. Tenho bastante noção de quem foi o Bernardo”, contou.

E aos 51 anos, será que Bernardo Mota ainda está para as curvas? “Ele frente-a-frente ganha-me, mas em jogo não tem hipótese”, contou o pupilo entre sorrisos.

Saído da primeira experiência do ATP Challenger Tour, Tiago Boschmans vai regressar ao circuito júnior com vista à estreia desejada em torneio do Grand Slam. Mas espera vir a recordar-se deste dia 16 de abril de 2023 quando jogar em palcos ainda maiores.

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