OEIRAS – Não podia ter corrido melhor o regresso a Portugal da Billie Jean King Cup. 13 anos depois da prova, na altura do Grupo I, nos campos cobertos do Complexo de Ténis do Jamor, neste caso andámos uns metros para os courts ao ar livre. E numa divisão com claras favoritas à promoção como a Grécia, a Estónia ou a Lituânia, foi a seleção nacional portuguesa quem sorriu no final após um pleno de cinco vitórias em cinco eliminatórias.
No playoff de promoção, a jovem equipa de Portugal derrotou a congénere da Geórgia depois dos triunfos de Inês Murta e Francisca Jorge nos compromissos individuais, sem qualquer parcial cedido. Cinco anos posteriores à descida da segunda divisão das seleções femininas, Portugal vai regressar ao Grupo I em 2024.
Neuza Silva, que representou as cores nacional em 23 eliminatórias – curiosamente a derradeira na tal organização caseira de 2010 -, era, naturalmente, uma capitã orgulhosa pelo difícil feito alcançado. “Foi uma semana perfeita. Vencemos cinco grandes equipas. Tivemos alguns momentos de aperto, mas conseguimos sempre dar a volta. Enfrentámos uma equipa da Geórgia bastante perigosa e vencemos sem perder sets, o que mostra o quanto esta equipa cresceu ao longo do dias. Acabámos com um público a puxar por nós, como tínhamos pedido, e acabámos a jogar muito bem”.
Habituada aos grandes palcos, quer coletivamente como a nível individual (chegou a medir forças com Serena Williams em pleno court central de Wimbledon), Neuza Silva não esconde que vai levar esta semana no Jamor “no coração”. “O ano passado passámos por momentos muito difíceis, em condições adversas, mas fomos criando uma grande família, uma grande equipa, uma grande união, e conseguimos transportar para estes novos elementos, também com a Ana Filipa Santos na nossa equipa durante a semana. Esta energia é especial e tenho a certeza que cada uma delas vai guardar estes momentos, ainda por cima na nossa casa, na nossa energia, para o resto da vida”.
Numa conferência de imprensa bastante animada, todas, incluindo as estreantes não utilizadas Maria Garcia e Angelina Voloshchuk, mostraram agrado com o companheirismo a seleção portuguesa. Chamadas ao balanço da semana vitoriosa, tanto Inês Murta como Francisca Jorge, as titulares deste sábado, não desdenharam a importância da competição para o futuro próximo nas suas carreiras.
A algarvia, a mais velha da equipa ainda que somente tenha 25 anos, falou da “experiência incrível” em representa Portugal e não teve dúvidas em realçar que a equipa nacional “é a que puxa mais umas pelas outras” e que “a amizade faz a diferença”. “Esta semana vai dar-me ainda mais motivação e confiança, neste que está a ser um dos melhores começos de temporada que já tive”.
Já a vimaranense, número um nacional e responsável pelo ponto que encerrou a discussão pela subida, espera aproveitar o embalo das quatro excelentes vitórias que somou e da “semana completamente perfeita a jogar em casa” como combustível para uma temporada de sucesso rumo ao top 200 WTA depois de um início de 2023 com menos triunfos do que o desejado.
Para já, as cinco tenistas da Billie Jean King Cup portuguesa começam por competir no torneio de 100.000 dólares que vai decorrer já a partir deste domingo no mesmo local, na prova feminina mais importante em Portugal desde 2014. Só Francisca Jorge e Matilde Jorge jogarão o quadro principal, através de convite da Federação Portuguesa de Ténis. As restantes deverão jogar a fase preliminar já daqui a umas horas.
É hora de virar agulhas para as carreiras individuais. As emoções coletivas voltam daqui a sensivelmente um ano, já no Grupo I.