Tsitsipas vence sem brilhar e apura-se pela primeira vez para a final do Australian Open

Stefanos Tsitsipas era uma criança de oito anos quando o cipriota Marcos Baghdatis revolucionou o ténis no Mediterrâneo ao alcançar a final do Australian Open, um acontecimento que inspirou o jovem de Atenas e que esta sexta-feira se repetiu, com o número quatro mundial a carimbar pela primeira vez na carreira o apuramento para a final em Melbourne.

Pela quarta vez nas meias-finais do “Happy Slam”, Tsitsipas confirmou o favoritismo sobre o russo Karen Khachanov ao vencer por 7-6(2), 6-4, 6-7(6) e 6-3 num duelo que podia ter resolvido em três sets, pois não só serviu para a vitória, como dispôs de dois match points no tie-break frente a um adversário que perdeu os últimos 23 encontros (!) contra jogadores do top 10 mundial.

O encontro desta sexta-feira não foi o melhor de Tsitsipas em toda a quinzena, longe disso, mas as armas que permitiram ao grego “despachar” quase toda a concorrência (Jannik Sinner foi a exceção, mas também contra o italiano liderou por dois sets a zero antes de ser forçado a uma quinta partida) voltaram a ajudá-lo.

O serviço e a direita voltaram a ser as pancadas-chave para o triunfo, mesmo não sendo tão eficazes quanto nas rondas anteriores. Frente a Khachanov, por duas vezes Tsitsipas conseguiu o break de vantagem na primeira partida e por duas vezes o perdeu de imediato, mas um tie-break implacável permitiu-lhe ganhar vantagem no marcador de forma autoritária.

Muito confiante (a vitória desta sexta-feira foi a 10.ª em 10 encontros disputados em 2023), o grego elevou o nível de ambas as pancadas, também melhorou na esquerda — que no início do encontro deu sinais de algum nervosismo — e passou a dominar o encontro, que com breaks cirúrgicos ao 4-4 (depois de três oportunidades desperdiçadas ao 1-1) da segunda partida e ao 1-1 da terceira parecia resolvida.

No entanto, quando serviu para a vitória Tsitsipas sentiu o momento e permitiu a Khachanov o contra-break. Com uma oportunidade inesperada (foi o único ponto de break de que dispôs nos últimos três sets), o moscovita disse presente e caminhou até ao tie-break, onde jogou o seu melhor ténis do encontro para anular dois match points e, com quatro pontos consecutivos a partir do 4-6, forçar uma inesperada quarta partida.

A réplica do russo foi, no entanto, sol de pouca dura, com Tsitsipas a demonstrar, tal como já tinha acontecido contra Sinner, uma capacidade de superação muito veloz para deixar para trás uma quebra de concentração que tratou de minimizar a caminho do triunfo.

17 anos depois de ter visto Baghdatis chegar à final (o cipriota foi derrotado por Roger Federer), Stefanos Tsitsipas, agora um jovem de 24 anos, terá finalmente a sua oportunidade.

A jogar “em casa” (há cerca de 170.000 gregos em Melbourne, a terceira cidade do mundo com mais cidadãos daquele país após Atenas e Tessalónica), num court e em condições que o favorecem, e com um duplo objetivo no horizonte: o primeiro título da carreira em torneios do Grand Slam e o estatuto de número um mundial, que será dele em caso de vitória no domingo.

A final do Australian Open 2023 será a segunda da carreira em torneios “Major” para Stefanos Tsitsipas e o adversário poderá ser o mesmo que, em Roland-Garros 2021, lhe negou o título depois do grego ter liderado por dois sets a zero: nada mais, nada menos do que o recordista de títulos neste evento (9), o sérvio Novak Djokovic, que será o grande favorito para a meia-final da sessão noturna com o norte-americano Tommy Paul, pela primeira vez protagonista num encontro de tamanha importância.

Última atualização às 07h32.

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