Seis meses depois de ter feito história ao vencer o torneio de Wimbledon, a cazaque Elena Rybakina apurou-se, na manhã desta quinta-feira, para a segunda final da carreira em torneios do Grand Slam ao derrotar a ex-bicampeã Victoria Azarenka no Australian Open. Desta vez com pontos em jogo, já tem garantido o melhor ranking da carreira.
A vitória desta quinta-feira fez-se com os parciais de 7-6(4) e 6-3 após após 101 minutos de encontro marcados por um “festival de winners” (30 de Rybakina, 26 de Azarenka), mas também por uma quantidade atípica de erros não forçados (21 da cazaque e 27 da bielorrussa para um total de 28) que colocaram em evidência os nervos de ambas, próprios de tamanha ocasião.
Capaz de duelar estatisticamente com os melhores “saques” do torneio masculino, o serviço de Rybakina não esteve tão apurado como nas ocasiões anteriores, mas a cazaque resistiu: apesar de só ter colocado 48% das bolas na primeira partida, venceu três jogos consecutivos de 2-3 para 5-3, serviu para o set e chegou a dispor de um set point, mas do outro lado estava a jogadora que melhor respondeu em todo o torneio.
Entre a espada e a parede, Azarenka voltou a encontrar o ténis que lhe permitiu assinar a primeira quebra do encontro e, depois de recuperar do break de desvantagem, esteve pertíssimo (0-40) de abrir mais uma ferida ao 5-5. Só que a bielorrussa acusou o momento, tal como viria a acontecer no tie-break, e ficou para trás quer no marcador, quer animicamente.
A segunda partida foi menos entusiasmante, com Azarenka a entrar numa espiral negativa de erros (foram 14 não forçados) que Rybakina aproveitou para construir uma liderança confortável. Com duas quebras de avanço, a cazaque pôde, inclusive, dar-se ao luxo de acusar o nervosismo e sofrer o break na primeira vez em que serviu para a vitória, bem a tempo de se recompôr para, logo no jogo seguinte, causar danos suficientes no serviço da bielorrusa para ouvir o tão desejado “game, set and match“.
Apenas seis meses depois de ter feito história em Wimbledon ao tornar-se na primeira tenista cazaque a vencer um torneio do Grand Slam, Elena Rybakina terá mais uma oportunidade de escrever um capítulo dourado. Desta vez em Melbourne, onde já deixou pelo caminho três campeãs de “Majors” de forma consecutiva — Iga Swiatek, Jelena Ostapenko e Victoria Azarenka.
Uma coisa é certa: será a mais experiente das finalistas, pois do outro lado da rede estará uma adversária que nunca discutiu um título tão importante: ou a bielorrussa Aryna Sabalenka, ou a polaca Magda Linette.
Para já, garantido está também o melhor ranking da carreira após este Australian Open: se o título em Wimbledon não foi acompanhado dos habituais 2.000 pontos devido às sanções aplicadas pelos circuitos masculino e feminino ao torneio britânico na sequência da exclusão de russos e bielorrussos, a campanha no “Happy Slam” já valeu a Rybakina mais 1.230 pontos em relação ao ano anterior, que a colocam provisoriamente no 10.º lugar da hierarquia. Apenas Linette (com um título) poderá ultrapassá-la.