Chegou ao fim o percurso de superação de Andy Murray no Australian Open: depois de passar um total de 14h03 no court em apenas três encontros, o britânico cedeu perante Roberto Bautista Agut — precisamente o adversário que há três anos, neste mesmo palco, o derrotou naquele que poderia ter sido o último encontro da sua carreira.
Finalista do torneio em cinco ocasiões, Murray venceu Matteo Berrettini em 4h49 depois de anular um match point e superou Thanasi Kokkinakis em 5h45, duas batalhas que o deixaram exausto e visivelmente limitado para o duelo da sessão noturna deste sábado, mas que ainda assim não o impediram de lutar por mais 3h29 antes de perder por 6-1, 6-7(7), 6-3 e 6-4.
A caminhada heróica esteve encaminhada para um final abrupto, pois Bautista Agut colocou-se rapidamente em vantagem por 6-1 e 3-1. Mas uma vez mais o ex-número um mundial foi às “reservas” e voltou a fazer o que parecia impossível, resgatando um parcial perdido para reentrar no encontro.
Visivelmente de rastos a cada corrida para mais uma troca de bolas, Murray não conseguiu repetir a proeza na terceira partida, que deixou escapar ao ser quebrado quando serviu a 3-4, mas na quarta foi o primeiro jogador a levar a melhor no serviço do adversário. Só que do outro lado estava um jogador que não dá “borlas”, exemplo perfeito de como o trabalho dá frutos, e que com unhas e dentes foi à luta no imediato.
O público da Margaret Court Arena queria mais um quinto set, mas Bautista Agut puxou dos galões e “estragou a festa”. O relógio do court contabilizava 3h29 de encontro quando o espanhol celebrou a quarta vitória consecutiva frente a um adversário que nunca tinha derrotado antes do histórico encontro de 2019 que todos — inclusive o próprio — pensaram ser o último da carreira de Andy Murray.
Aos 34 anos, o tenista de Castelló de la Plana (que começou o torneio a derrotar o português João Sousa) está pela quinta vez na carreira na quarta ronda do Australian Open. E será não só o favorito a avançar aos quartos de final (o que lhe permitiria igualar a melhor campanha em Melbourne, assinada em 2019), como às meias-finais (que só alcançou numa ocasião em torneios do Grand Slam, em Wimbledon 2019).
O adversário que se segue é o norte-americano Tommy Paul. E caso o supere terá pela frente mais um jogador dos EUA: ou Ben Shelton ou J. J. Wolf, dois estreantes no quadro principal do Australian Open.