OEIRAS — 2022 foi um ano de estreias para Tiago Pereira e 2023 começou da mesma forma para o jovem português, que este domingo foi a jogo num torneio do ATP Challenger Tour pela primeira vez. Derrotado no qualifying do Indor Oeiras Open, o algarvio deu-se a conhecer numa conferência de imprensa em que abordou o último ano de júnior, a transição para o profissionalismo e a relação com o pai e treinador Pedro Pereira.
“Senti-me um pouco nervoso porque foi a primeira vez que joguei um Challenger e defrontei um adversário que já foi top 100”, reconheceu depois de perder por 6-0 e 6-1 para o francês Kenny De Schepper, 350.º da hierarquia e 62.º em 2014.
“Ele é muito experiente, está a recuperar [a forma] e num piso tão rápido, contra um adversário tão alto, torna-se complicado jogar porque é bastante mais difícil responder”, acrescentou Pereira, que apesar de estar muito habituado aos hard courts — superfície predominante na sua região — revelou preferir a terra batida “por ter mais tempo para preparar as pancadas.”
Reconhecendo as naturais dificuldades de um primeiro desafio a este nível, às quais se juntaram as de ter pela frente “um canhoto muito alto que abre os ângulos para onde não estou habituado” e que o deixou “em situações desconfortáveis”, o jovem português voltou ao Algarve com vários ensinamentos e motivação redobrada para ter mais desafios como este.
Em Tavira, o trabalho de Tiago Pereira é feito com o pai, o treinador Pedro Pereira, que tem uma vasta experiência no circuito internacional. Chamado a descrever a relação entre ambos, o adolescente não hesita em classificá-la como “muito boa dentro e fora do campo” e acredita que “se continuarmos a melhorar o que tenho a melhorar vamos conseguir ir longe juntos”, reconhecendo, entre sorrisos, que “por vezes discuto com ele, mas não o faço de propósito e sei que tenho de começar a dar-lhe mais ouvidos.”
Fã incondicional de Roger Federer, em quem se baseou para “desenhar” parte da sua técnica, Tiago Pereira descreve-se como “um jogador que gosta de ir para a rede e de ser agressivo”, com “um bom serviço”, identificando como um dos aspetos a melhorar em superfícies mais rápidas a necessidade de compensar as “pancadas compridas para trás” de forma a antecipar o momento de contacto com a bola.
Com o objetivo de ser profissional, despediu-se em 2022 da carreira de júnior com um objetivo cumprido ao ir ao qualifying do US Open de sub 18. “Teve um significado muito grande, porque tive apoio da Federação, mas a maioria das vezes viajei sozinho com o meu pai.” Foi, no fundo, um boost de confiança para atacar o profissionalismo e os primeiros resultados chegaram ainda no segundo semestre do ano, desde a conquista do primeiro ponto ATP, em Sintra, a duas finais de pares consecutivas em torneios ITF.
Por isso, em 2023 a missão passa por “conquistar o máximo de pontos para me integrar o melhor possível no tour“. E como próximo destino terá uma fase da época que é do seu agrado: seis torneios internacionais de 25.000 dólares consecutivos no Algarve.