MAIA – Diz-se muitas vezes que a vida é feita de ciclos. Para João Domingues, o ano de 2022 deu uma volta de 180º: do início do ano para esquecer por conta dos persistentes problemas físicos, o oliveirense deu a volta e arrecadou o terceiro título Challenger em Maio e atingiu uma meia-final em Agosto, mas a temporada terminou como a iniciou e o corpo voltou a traí-lo nos derradeiros instantes de uma época exigente mentalmente. Na Maia deu-se o ponto final previsto atempadamente e novo flashback de evitar. Só que Domingues acredita que o círculo vai dar lugar a uma linha exponencial com destino a voos maiores.
“Sabia que não estava em condições para jogar e fui sentido isso ao longo do encontro. Tinha limitações óbvias na minha anca, mas tentei jogar com o que tinha. Sabia que mesmo assim tinha algumas chances de dar a volta, estive perto, mas não tinha intensidade, não consegui jogar comprido. Ele era perigoso nos inícios de jogada e eu tinha de ser explosivo nas respostas e primeiras bolas para fazer a diferença. Com as minhas limitações não consegui fazer de todo isso e ele jogou todo o tempo confortável, ao contrário de mim”, começou por analisar o atual 276.º do ranking ATP depois da derrota frente ao qualifier austríaco Maximilian Neuchrist por 6-2 e 7-5.
Além da limitação da anca, João Domingues passou por um momento difícil de esquecer no torneio anterior que disputou. No Chile, há pouco mais de uma semana, o tenista de 29 anos sentiu dores fortes no peito que o fizeram temer o pior. Não passou de um “susto”, mas a “ressaca” destes últimos dias, com vários exames e preocupações, também o desligaram mentalmente da competição. A ténue esperança de ingressar no Australian Open e a vontade de competir em casa fizeram-no entrar em court, mesmo longe de estar a 100%. “Sabia das dificuldades, mas queria aproveitar”.
“Os últimos anos têm sido muito difíceis. Este ano também foi muito instável, mas consegui equilibrar-me em alguns momentos e consegui que o meu ranking se estabelecesse no circuito Challenger. Os primeiros cinco meses do ano não sei se fiz um bom jogo, ou seja no próximo ano tenho quatro ou cinco meses para aproveitar. Esta temporada não aproveitei algumas oportunidades, fui um pouco instável, e isso fez a diferença em não estar melhor no ranking neste momento”, lamentou.
Só que o antigo 150.º do mundo acredita que o sol vai brilhar de novo. “Foi um ano difícil e mesmo assim mantive-me competitivo e alguns jogos a muito bom nível novamente. Isso deixa-me tranquilo para abordar o próximo ano, no sentido em que se conseguir trabalhar bem, fazer uma boa pré época que não faço há dois anos, vou ter um indicador que vai ser um bom ano. É a minha esperança, acredito nisso, e se não acreditasse não jogava mais nem investia mais em mim. Ainda tenho muito para dar e se tudo correr bem, sem lesões, acredito que 2023 vai ser bom”, apontou o semifinalista deste Maia Open em 2019, na edição inaugural.
Sem tempo a perder com férias – a pré época vai começar já na próxima segunda-feira e há dois torneios no Jamor a sensivelmente um mês -, João Domingues vai agora primeiramente recuperar das mazelas e depois focar em regressar ao seu nível. Sem percalços.