OEIRAS — O Campeonato Nacional Absoluto/Taça Guilherme Pinto Basto não estava na agenda de Francisco Rocha, mas o tenista maiato conseguiu “negociar” com os professores e acabou a viajar mais cedo do que o previsto dos EUA para Portugal, o que lhe permitiu disputar a prova rainha do ténis nacional, que acontece no Complexo de Ténis do Jamor, em Oeiras — o palco onde esta quarta-feira superou o difícil teste de defrontar o irmão mais novo, rumo aos quartos de final.
“Sabia que mais tarde ou mais cedo ia acontecer, mas nunca estás preparado para este momento”, contou ao Raquetc já depois de consumar a vitória, por 6-2 e 6-4, frente a Henrique Rocha — cinco anos mais novo e atual bicampeão nacional de sub 18, que esta semana defendia o estatuto de segundo cabeça de série.
Mas esta quarta-feira nada disso importou. Afinal, a ocasião era especial e implicava emoções desconfortáveis nunca sentidas por ambos. “Quando olhámos um para o outro em lados opostos da rede dissemos ‘isto é muito estranho, muito estranho’. Não me sentia confortável, mas foi o que o sorteio ditou e tínhamos de jogar. A família está sempre acima de tudo, mas íamos competir, tentar tornar-nos melhor jogadores e logo víamos quem ganhava.”
Lá dentro, no court central da nave de campos cobertos, a maturidade falou mais alto, como Francisco Rocha confirmou: “Ele sentiu mais do que eu. E a maturidade que vem com a idade também me ajudou. Ele conhece o meu jogo e eu o dele, mas a questão é que eu adaptei o meu para não o deixar jogar, porque se o deixasse ele ia ser superior a mim. Fiz com que ele sentisse que não tinha soluções e acabou por cair para o meu lado, mas foi muito estranho.”
Esta foi a segunda vitória de Francisco Rocha, que na véspera já tinha superado o qualifier Guilherme Cruz (6-0 e 6-2), e permitiu-lhe apurar-se para os quartos de final. Tudo numa semana com que inicialmente não contava: “Cheguei há uma semana dos EUA e no início nem era suposto jogar, mas lá consegui falar com os meus professores e eles deixaram-me fazer os exames online”, contou entre sorrisos.
Muito descontraído, Francisco Rocha aborda “jogo a jogo e a tentar desfrutar” o que se segue neste Campeonato Nacional Absoluto (onde também joga pares ao lado de Henrique Rocha) antes do regresso, em janeiro, para concluir os estudos em Economia na Middle Tennessee State University. Depois, o plano é “dedicar-me aos Futures e começar a nova aventura.”
Para já, segue-se Gonçalo Falcão, que na manhã desta quarta-feira venceu Miguel Gomes por 6-1 e 6-3.