OEIRAS — Quem a viu escrever páginas de história para o ténis nacional recorda com nostalgia a facilidade com que Sofia Prazeres tratava a bola amarela e foi essa mesma facilidade que a antiga número 152 do ranking WTA apresentou esta terça-feira, no regresso ao Campeonato Nacional Absoluto/Taça Guilherme Pinto Basto, 24 anos após a conquista do último de nove títulos consecutivos. Mas a diferença de idades para a adversária era grande e a lógica impôs-se, ditando o afastamento na primeira ronda do quadro principal.
Num dia especial, que descreveu como “uma loucura saudável”, Sofia Prazeres, de 48 anos, perdeu com Analu Freitas, de 15 anos, pelos parciais de 6-4 e 7-5.
Nas bancadas do court central da nave de campos cobertos do Complexo de Ténis do Jamor, em Oeiras, estiveram vários curiosos — uns empenhados em recordar outros tempos, outros determinados em ver jogar pela primeira vez quem tanto fez.
O encontro desta terça-feira no Campeonato Nacional Absoluto/Taça Guilherme Pinto Basto foi o primeiro de Sofia Prazeres desde o Campeonato do Mundo de Veteranos, também no Jamor, mas em terra batida, há quase três meses. Porque entretanto uma lesão nos isquiotibiais atrapalhou-lhe o ritmo de treinos e impediu, inclusive, a defesa do título de campeã nacional de veteranos. No entanto, pernas não lhe faltaram para fazer frente à jovem adversária, com o peso de bola em falta a ser, esse sim, o aspeto que mais limitou a antiga estrela do ténis nacional.
“Vim por puro divertimento e porque continuo a gostar muito de jogar e de competir”, explicou ao Raquetc já depois do encontro. “Podia estar mais treinada, mas passei os últimos dois meses a fazer apenas fisioterapia e treino físico para recuperar a perna por causa dos isquiotibiais.” Apesar de a experiência desta semana ter sido curta, Sofia Prazeres gostou do desafio e deixou a promessa de voltar no próximo ano “se estiver em condições.”
E deixou um conselho a todas as jovens que ambicionem seguir os seus passos: “Acho que principalmente tem de se ter cabeça a jogar ténis. Acho que hoje em dia há muito pouca gente a ter cabeça. As miúdas acham que o que é importante é bater forte na bola, mas muitas vezes é mais importante ser uma boa estratega, olhar para o jogo da adversária e conseguir desfazê-lo.”
Com o afastamento de Sofia Prazeres, a 98.ª edição do Campeonato Nacional Absoluto/Taça Guilherme Pinto Basto ficou com apenas duas jogadoras que já tiveram a experiência de disputar a final de singulares. Uma delas é precisamente a próxima adversária de Analu Freitas, Matilde Jorge (finalista de 2019 e 2021), e a outra é nada mais, nada menos do que a atual pentacampeã nacional, Francisca Jorge — as irmãs vimaranenses são, respetivamente, a segunda e a primeira cabeças de série.