Francisca Jorge e Matilde Jorge já não escondem o sonho de chegar a um Grand Slam

Beatriz Ruivo/Federação Portuguesa de Ténis

LISBOAFrancisca Jorge e Matilde Jorge sabem que o percurso é longo, mas não só o sonho comanda a vida, como os resultados alcançados em 2022 começam a tornar possível a participação em torneios maiores rumo ao objetivo de crianças: jogarem lado a lado num torneio do Grand Slam. Campeãs de pares do Del Monte Lisboa Belém Open, as duas irmãs vimaranenses sorriram, trocaram olhares e elogios na análise ao quinto título conquistado em oito finais disputadas este ano.

“Quando começámos a jogar não tínhamos essa ideia na nossa cabeça, mas desde os tempos em que via as irmãs Williams na televisão que é um sonho poder jogar um torneio do Grand Slam com a minha irmã. Agora que estamos a subir cada vez mais no ranking e também em nível temos isso em mente”, admitiu Matilde Jorge, que é a mais nova (18 anos) das duas irmãs.

Quatro anos mais velha, Francisca Jorge não fugiu ao objetivo que partilham: “Estamos no bom caminho para continuarmos a subir e, quem sabe, chegarmos a um torneio do Grand Slam. O que antes era um sonho está cada vez mais a tornar-se num objetivo mais palpável e é para isso que trabalhamos. Os nossos pais sempre sonharam verem as filhas a jogar um torneio do Grand Slam e seria muito bonito partilharmos esse momento com eles, mas tudo a seu tempo.”

Para tornar o sonho realidade, a dupla terá de passar primeiro por torneios maiores.

Por isso, e apesar de os singulares continuarem a ser o foco principal de ambas, Francisca e Matilde já ponderam algumas viagens diferentes: “Com o nosso ranking de pares já podemos jogar torneios de uma categoria superior e por norma também há sempre um lugar ou outro no qualifying em que inicialmente não entramos, mas que estando lá para assinar pode dar para entrar em cima da hora, por isso numa ou outra semana poderemos vir a jogar um torneio de pares mais elevado e tentar jogar também os singulares“, explicou a mais velha das duas irmãs, que não escondeu a admiração e a inspiração nos amigos Nuno Borges e Francisco Cabral, que este ano participaram pela primeira vez em torneios do Grand Slam como parceiros depois de uma época a roçar a perfeição no escalão inferior.

À procura de progressão similar, as vimaranenses venceram a final deste sábado por 6-2 e 6-2 contra as espanholas Irene Burillo Escorihuela e Andrea Lazaro Garcia.

“Estivemos muito bem. Demonstrámos desde o início que temos vindo a jogar bastante bem como dupla e a subir o nosso nível. Elas vêm jogar a Portugal várias vezes e nós tínhamos conhecimento da forma como jogam, por isso sentimos que eramos superiores a nível tático e tentámos tirar proveito disso para fazermos o nosso jogo. Elas nunca conseguiram adaptar-se bem ao nosso estilo de jogo e quando nos sentimos apertadas tivemos discernimento e lucidez para alterarmos o nosso tipo de resposta, como tirá-las da zona de conforto na [bola] cruzada. Estivemos muito fortes no serviço e no jogo da rede e isso também ajudou a definir o resultado”, afirmou Francisca Jorge.

Já Matilde Jorge, destacou a importância de uma entrada “focada no que tínhamos de fazer” e falou sobre a abordagem de ambas ao favoritismo que lhes é cada vez mais atribuído: “No início da semana tinhamos consciência de que queríamos este título e de que tínhamos a pressão de ganhar, mas tentámos entrar com menos expetativas porque isso nem sempre nos favorece e assim não há tanta frustração. Focámo-nos em procurar o nosso nível e avançar ronda a ronda.”

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