BRAGA — Nicolas Moreno de Alboran nasceu em Nova Iorque (EUA), cresceu em Londres (Inglaterra) e regressou a território norte-americano para ingressar no circuito universitário, até que optou por Madrid (Espanha) como local de residência, perto dos pais. O norte-americano com nome espanhol é, por isso, um “cidadão do mundo” e esta semana adicionou mais um destino à lista de lugares marcantes na sua carreira, ao vencer o Braga Open para conquistar pela primeira vez um torneio do ATP Challenger Tour.
“Estou muito, muito feliz. Foi uma semana muito emocionante e este título é muito especial, porque como expliquei ontem este tem sido um ano complicado por causa de duas lesões”, desabafou em conferência de imprensa após vencer o brasileiro Matheus Pucinelli de Almeida por 6-2 e 6-4 na final deste domingo, o sétimo encontro que disputou numa semana em que começou no qualifying.
Sobre o adversário, que tal como ele procurava o primeiro título a este nível, e a chave para a vitória, afirmou que “ele é muito talentoso, por isso o meu plano para hoje era ser agressivo, manter-me focado no meu jogo e tentar controlar os momentos importantes. Acho que consegui fazê-lo muito bem e estou feliz por ter vencido. É claro que estava um pouco nervoso, mas tentei manter-me sempre focado e foi importante conseguir um break logo no início, porque ajudou-me a acalmar e a começar com o pé direito.”
“Chegar aqui, ultrapassar o qualifying e conseguir ganhar o torneio significa muito para mim”, continuou Moreno de Alboran, que para esta final contou com a presença da mãe nas bancadas do Clube de Ténis de Braga. “Trabalhei muito para estar aqui e estou muito feliz por ter conquistado o meu primeiro título Challenger. Quero continuar a trabalhar e a aprender para melhorar, mas por agora vou aproveitar o momento.”
E tem razões para o querer fazer: num ano fustigado por duas ruturas abdominais, as últimas semanas foram de sucesso para o jovem de 25 anos, com uma final num ITF de 25.000 dólares em Madrid e o título no Challenger de Braga — curiosamente, nas duas semanas que se seguiram a um episódio que o colocou nas bocas do mundo por uma razão insólita: no início do mês foi desqualificado do Challenger de Sevilha por tomar banho a meio de um encontro.
Alumni da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, nos EUA (chegou a cruzar-se com o português Nuno Borges no circuito universitário), Moreno de Alboran está na melhor fase da carreira. E à sua volta tem uma equipa a relembrá-lo constantemente de que cada jogador tem o seu percurso, independentemente da idade ou do passado que o acompanham.
“Os meus treinadores e a minha equipa estão sempre a dizer-me que cada um tem o seu caminho e que tenho de me manter concentrado no meu. Estive no college e antes, enquanto era júnior, não consegui jogar muito ténis. Agora estou feliz por ter conseguido vencer este torneio e tento aproveitar cada dia e concentrar o trabalho dentro e fora do campo para deixar que o ténis me leve onde puder levar. Sinto-me muito agradecido por poder jogar ténis e viajar pelo mundo, porque este é um desporto muito difícil e sei que nem todos têm o privilégio de competir e viajar”, acrescentou.
E acerca da boa relação que desenvolveu com várias caras com que se cruzou pela primeira vez, desde os fisioterapeutas do torneio a vários adeptos que o acompanharam ao longo da semana, explicou que “tento simplesmente ser simpático com aqueles que estão à minha volta. É algo que a minha família e os meus treinadores me ensinam desde novo: a dizer sempre obrigado e a ser sempre simpático e estar agradecido a quem me ajuda. E neste torneio toda a gente tem um papel importante, portanto tento fazê-lo e estar agradecido a todos aqueles que fazem com que seja possível jogarmos aqui.”
O calendário do circuito mundial de ténis raramente tem pausas e, por isso, na próxima semana haverá mais um destino (joga já na terça-feira a primeira ronda do Del Monte Lisboa Belém Open, no CIF), mas é certo dizer que Nicolas Moreno de Alboran, o nova-iorquino que depois de Nova Iorque, Londres e Califórnia escolheu Madrid para viver, nunca vai esquecer Braga.