Rei Carlos coroado: Alcaraz conquista o US Open e torna-se no número um mundial mais novo da história

As manchetes da semana fizeram-se em torno da monarquia britânica, mas do outro lado do Oceano Atlântico houve outro rei a ser coroado: Carlos Alcaraz sagrou-se campeão do US Open e tornou-se, aos 19 anos e 4 meses, no número um mundial mais novo da história do circuito masculino. De Múrcia para o Mundo, o prodígio espanhol que Juan Carlos Ferrero descobriu aos 15 anos tornou-se no novo Rei do ténis.

O derradeiro passo em direção à glória eterna foi dado com uma vitória pelos parciais de 6-4, 2-6, 7-6(1) e 6-3 frente a Casper Ruud — norueguês que em junho já tinha jogado a final de Roland-Garros e que na segunda-feira subirá a número dois mundial.

E chegou acompanhado de várias páginas de história, cumprindo-se o presságio que desde tenra idade o acompanhava: Carlos Alcaraz tornou-se no número um mundial mais novo de sempre no circuito masculino, no jogador que mais tempo passou em court durante uma única campanha num torneio do Grand Slam (foram 23 horas e 39 minutos) e no primeiro homem a vencer o US Open numa das duas primeiras participações desde Pancho Gonzalez, em 1948.

Num ano que começou com o reforço do estatuto de lenda por parte de um dos três jogadores que dominaram o desporto na última década e meia (Rafael Nadal venceu os primeiros 22 encontros que disputou em torneios do Grand Slam esta época, desde a primeira ronda do Australian Open às meias-finais de Wimbledon), a ação relativa aos “Majors” termina com um campeão que é o rosto da nova geração.

Mas Carlos Alcaraz é mais do que isso: é um fenómeno com características únicas, desde o peso de bola à composição corporal que já apresenta, a movimentação veloz que lhe permite cobrir todo o court e o enorme leque de soluções que tem do seu lado — à esquerda, à direita, atrás ou em cima da linha de fundo, em deslocação a meio do court ou à rede, não há zona na qual não se sinta confortável. E às pancadas e à tática ainda junta o ingrediente final, uma compostura psicológica sem igual entre os seus pares.

E uma vez mais foi essa a chave para a vitória, a mais dourada de um ano que já estava a ser histórico: chegado à final com três vitórias consecutivas em cinco partidas e um desgaste físico sem precedentes em torneios do Grand Slam, Alcaraz apostou no jogo de rede — venceu 34 de 45 pontos — para encurtar os pontos, o que lhe permitiu salvar energia preciosa para momentos decisivos. Porventura o mais importante deu-se na reta final da terceira partida, quando o jovem espanhol resistiu a um jogo de serviço de 10 minutos e anulou dois set points (ambos com serviço-volley) para forçar um tie-break para o qual Ruud entrou visivelmente descrente — cometeu seis erros, quatro não forçados — após deixar escapar as duas oportunidades no jogo anterior.

O regresso à liderança da final deu a Alcaraz a injeção de confiança de que precisava para dar um novo salto qualitativo e ao sexto break da quarta partida o pupilo de Juan Carlos Ferrero conseguiu a quebra de serviço que mais tarde viria a assegurar-lhe assegurou a vitória.

3h20 foi a duração oficial do encontro, mais fácil de registar do que os aplausos que ambos os jogadores arrancaram de um Artur Ashe Stadium ao longo de toda a final — uma final em que as qualidades de ambos se sobrepuseram à natural pressão da ocasião e resultaram num frente a frente digno do desfecho de um dos maiores torneios da época.

O futuro é agora e pertence a Carlos Alcaraz, que aos 19 anos e 4 meses já tem no currículo títulos ITF, Challenger, ATP 250, ATP 500, ATP Masters 1000 e num torneio do Grand Slam.

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