Que Frances Tiafoe é capaz de produzir ténis espetacular, todos o sabiam. Mas faltava ao norte-americano fazer uma declaração de intenções de outro nível, ou um statement, como se diz do outro lado do Oceano Atlântico, e esse dia chegou: esta segunda-feira, venceu Rafael Nadal e chegou pela primeira vez aos quartos de final do US Open.
O tenista de Hyattsville, em Maryland, já tinha no currículo duas vitórias contra um top 5 mundial (ambas em 2021 frente a Stefanos Tsitsipas), mas nenhum triunfo ultrapassa o desta segunda-feira. Pelo palco em que aconteceu, pelo contexto — Nadal tinha 22 vitórias e 0 derrotas em torneios do Grand Slam em 2022 — e pelo significado para o país: os parciais de 6-4, 4-6, 6-4 e 6-3 deram a Tiafoe a maior vitória de um homem norte-americano no US Open desde 2005.
“Estou mais do que feliz, quase em lágrimas e mal consigo acreditar. Joguei um ténis inacreditável hoje, ainda não sei o que é que aconteceu”, revelou, visivelmente emocionado, meros segundos após tornar-se no primeiro jogador dos Estados Unidos da América a chegar aos quartos de final do quadro masculino do US Open desde John Isner, em 2018, e sobretudo no mais novo a fazê-lo desde Andy Roddick, em 2006.
Com duas derrotas (ambas em sets diretos) frente a Nadal antes do encontro desta segunda-feira, Tiafoe inverteu a tendência graças a uma exibição que roçou a perfeição. Agressivo desde o início, o tenista da casa ficou perto (49) da meia centena de winners e contou com a consistência que lhe tinha faltado em 13 dos 15 encontros anteriores contra adversários do top 5 mundial.
O resultado foi a maior vitória da carreira e a segunda passagem aos quartos de final de um torneio do Grand Slam, depois da derrota para este mesmo Rafael Nadal no Australian Open de 2019. Três anos e meio depois, “Big Foe” terá nova oportunidade. Desta vez, contra o russo Andrey Rublev, que nas primeiras horas da jornada — e depois de uma breve interrupção devido à chuva — terminou com a representação britânica ao afastar Cameron Norrie por 6-4, 6-4 e 6-4.
A vitória de Tiafoe sobre Nadal também tem influência direta na luta pelo estatuto de número um mundial após o US Open: o espanhol partia na pole position após a derrota de Daniil Medvedev, mas com a sua eliminação Carlos Alcaraz e Casper Ruud já só dependem de si: quer o espanhol, quer o norueguês precisam ou do título, ou de alcançar a final e perdê-la para outro jogador. Qualquer cenário diferente destes resultará no regresso de Nadal ao topo da tabela classificativa a 12 de setembro.