Tem 35 anos, um currículo recheado e um novo desafio pela frente: o português Carlos Costa, “Charlie” para muitos dos que com ele se cruzam pelos circuitos fora, começou a trabalhar com Dominic Thiem no final de 2021 e foi o fisioterapeuta escolhido pelo austríaco para atacar o regresso ao mais alto nível num desporto que fez de ambos dois dos melhores do mundo nas respetivas profissões.
“A oportunidade surgiu através de um primeiro contacto em que o Dominic me expôs que eu seria o elemento ideal para integrar a sua equipa. Estava a terminar a época com o Aslan Karatsev e acabei por aceitar pelo desafio de estar a recuperar de uma lesão e pelo potencial que ainda poderia advir do seu ténis”, explicou em declarações ao Raquetc durante o regresso do ex-número três aos courts depois de nove meses de ausência, dando conta de que “desde o início que existe uma forte empatia a nível pessoal e profissional.”
“O Dominic sofreu a mesma lesão em duas vezes num curto espaço de tempo e era uma lesão que podia ter posto em risco a sua carreira no caso de uma cirurgia, mas de forma gradual e com avaliações sistemáticas a força, a mobilidade e o regresso aos courts acabaram por acontecer”, detalhou Carlos Costa, que começou a trabalhar com Dominic Thiem na academia dos pais do austríaco, perto de Viena.
“Ele sempre demonstrou muita resiliência, o que fez com que o progresso se tornasse mais fácil. De uma forma abreviada, a cada novo nível de força e melhoria de mobilidade incrementavasse um novo aumento no court, fosse em frequência de bolas, em volume de tempo ou velocidade de aceleração. Foi esta a gestão que tive de fazer em colaboração com o resto da equipa.”
Sempre com “objetivo de voltar a 100%”, o fisioterapeuta português recordou os contratempos que atrapalharam os planos nos primeiros meses de 2022: “Primeiro uma constipação antes do Australian Open, depois uma dor inesperada na mão antes do Masters 1000 de Miami e por último a covid-19 em Marbella. Mas a vontade de voltar a jogar manteve-se e acabou por conseguir voltar no Challenger de Marbella e depois no ATP 250 de Belgrado.”
Ao Raquetc, Carlos Costa lembrou que “o regresso depois de quase nove meses sem competição nunca é fácil, porque faltam ritmo, reação à bola e leitura de jogo”, mas o esforço de toda a equipa foi recompensado: depois de sete derrotas nos sete primeiros torneios, entre os quais o Millennium Estoril Open, a primeira vitória chegou no Challenger de Salzburgo e, nas semanas seguintes, Thiem utilizou os últimos torneios ATP da época em terra batida para dar outro capítulo ao regresso — alcançou os quartos de final em Bastad (duas vitórias), as meias-finais em Gstaad (três triunfos) e os quartos de final em Kitzbuhel, “em casa”.
Agora, de regresso à swing de piso rápido que há dois anos lhe valeu o momento mais alto da carreira, o austríaco está totalmente recuperado. E o preparador físico português acredita que tem reunidos os ingredientes necessários para regressar aos grandes resultados: “Depois de uma lesão, a força de vontade e a resiliência são dos fatores mais importantes no processo.”