Kyrgios vence Tsitsipas em duelo eletrizante (e polémico) e chega à segunda semana de Wimbledon

Houve espetáculo, houve adrenalina, houve reviravolta, houve polémica. O encontro entre Nick Kyrgios e Stefanos Tsitsipas prometia e não desiludiu, mas ultrapassou alguns limites a caminho de um final eletrizante e digno do torneio de Wimbledon, que seis anos depois volta a contar com o tenista australiano na segunda semana.

Por Gaspar Ribeiro Lança, em Wimbledon

Os parciais de 6-7(2), 6-4, 6-3 e 7-6(7) assinados ao cabo de 3h17 revelam o equilíbrio, mas não a história de uma batalha que se esperava equilibrada e que esteve perto — muito perto — de ter o caldo entornado.

Tudo porque o grego esteve a um ponto de quebrar e servir para uma liderança de dois sets a zero, mas acabou por ver fugir a oportunidade e também o parcial e num gesto de frustração atirou uma bola na direção da bancada e quase atingiu um espetador. O comportamento valeu-lhe uma violação do código de conduta por parte do árbitro de cadeira, mas do outro lado da rede Kyrgios queria mais. “Quero o supervisor, quero todos os supervisores”, exclamou o australiano, alto e bom som, na direção do supervisor Gerry Armstrong.

O australiano expressou o seu desagrado com a decisão, afirmando por múltiplas vezes que se fosse ele a fazê-lo já teria sido desqualificado, e o ambiente incendiou-se. De forma surpreendente, foi Tsitsipas quem acabou por verdadeiramente perder a cabeça e pouco depois o grego foi mesmo penalizado com a perda de um ponto por cometer uma segunda violação do código de conduta, desta vez ao responder de forma agressiva a uma bola do adversário na direção do público.

Insatisfeito com a decisão do árbitro de cadeira, o número cinco mundial aproximou-se da cadeira e discutiu até ser assobiado pelo público — um cenário que se repetiu por mais algumas vezes, mas não quando tentou atingir Kyrgios de propósito com algumas das suas pancadas, em particular em aproximações à rede.

Do outro lado, o australiano reduziu as queixas (como sempre faz quando o desenrolar do marcador se torna do seu agrado), mas não as provocações e soltou elogios recheados de ironia depois de Tsitsipas falhar várias respostas ao seu serviço.

Os ânimos acalmaram, mas a maré manteve-se do lado de Kyrgios até que no primeiro parcial Tsitsipas fez, finalmente, reset ao sistema. Mais calmo, novamente concentrado e determinado, o grego precisou de salvar pontos de break no primeiro jogo (quatro) e novamente no sétimo (dois), até que no oitavo e no décimo criou as suas oportunidades — três pontos de break ao 4-3, outro (em simultâneo um set point) ao 5-4.

Mas, à imagem do que já tinha acontecido na segunda partida, não conseguiu converter nenhum e Kyrgios conseguiu empurrar a decisão para o tie-break, onde, apesar de ter sido o primeiro a sofrer um mini-break e pouco depois ter tido um set point pela frente, conseguiu concluir a reviravolta e levou o No. 1 Court (o segundo maior do complexo) à loucura pela última vez.

Com o sonho de conquistar um torneio do Grand Slam em singulares e a consciência de que Wimbledon é a sua melhor hipótese de o concretizar, Nick Kyrgios está pela quarta vez na carreira na quarta ronda do “Major britânico”, mas primeira desde 2016. Os quartos de final não são território desconhecido para o australiano, que disputou essa fase em 2014, e será favorito no próximo desafio, contra o norte-americano Brandon Nakashima (56.º).

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