João Sousa (60.º) não se conseguiu aproximar dos históricos ‘oitavos’ alcançados em Wimbledon há três anos e deu esta terça-feira por terminada a 11.ª participação no Major britânico. O número um nacional não foi feliz nos momentos-chave do embate com Richard Gasquet (69.º) e cedeu ao fim de uma exigente batalha de cinco parciais. Em declarações ao Raquetc, lamentou que o nível apresentado não se tenha traduzido num desfecho condizente.
“No primeiro set, em termos de nível fui muito superior a ele. Tive muitas oportunidades para vencer, mas não as consegui aproveitar. Infelizmente é o que tem acontecido, nas últimas semanas também fui superior e não consegui vencer. Animicamente estava bastante em baixo, tem-me custado bastante aceitar que estou a ser melhor e perco”, admitiu o vimaranense logo após o desaire no All England Club.
Coloca o domínio do encontro do seu lado não obstante o resultado do confronto e sublinha que foi superior nos quatro primeiros parciais: “Depois de um segundo set menos bom, tive de acalmar-me um bocadinho, porque estava a ser superior mas as coisas não estavam a correr bem. Depois no terceiro e no quarto acho que voltei a ser melhor do que ele, mas no quinto set ele mereceu vencer porque foi superior a mim.”
“Nas últimas quatro semanas não perdi um único set nos treinos a jogar com top 10 e todo o tipo de jogadores, o que faz ver que estou a jogar a um bom nível. No encontro esse nível por vezes está lá, mas quando tenho oportunidade para passar para a frente não o consigo fazer e vou abaixo. Foi o que aconteceu nesta época de relva, semana após semana. Não soube lidar com isso e daí ter perdido esses encontros. Estou a jogar muito bom ténis, provavelmente o melhor que já joguei, mas não estou a conseguir lidar bem com esses momentos menos bons”, expressou João Sousa, que se despede da temporada de relva sem vitórias somadas (0-4).
Mas mantém a esperança e já com um título ATP conquistado em 2022, espera embarcar numa maré mais positiva: “Se o nível está lá, mais tarde ou mais cedo é-se recompensado. Mentalmente não estou a conseguir aceitar muitas coisas, daí estar a perder. Hoje não respondi tão bem como noutras semanas, mas independentemente disso o meu nível foi superior ao dele. Mas o ténis é assim e em relva os pontos ainda são mais rápidos e não estive tão bem hoje.”
A desistência de João Sousa no decorrer do primeiro set ainda pareceu estar iminente devido a uma lesão sofrida no ombro esquerdo, mas o nortenho esclarece que tudo não passou de um susto: “Começou a doer-me muito e quando eu caí apercebi-me que me tinha aleijado. Quando parei, começou a doer-me muito e pensei que tinha deslocado o ombro. Pouco a pouco a dor foi passando e percebi que não era nada de grave.”
Agora com a mira focada no quadro de pares – atua ao lado de Jordan Thompson -, o português de 33 anos sente-se privilegiado por ter podido regressar a SW19: “Wimbledon é um torneio que é a tradição do ténis, quando se fala de ténis, fala-se de Wimbledon. Acho que é o torneio mais emblemático do mundo e sentimo-nos especiais por jogar. Tem muita história e isso nota-se. Felizmente tive a oportunidade de jogar no Court Central várias vezes e é um torneio especial em cada detalhe. Toda a envolvência do torneio é muito especial e faz com que nos sintamos muito bem, independentemente do resultado.”
Com a terra batida de regresso à agenda do ‘Conquistador’, revela o calendário a trilhar antes dos torneios de preparação para o US Open: “Vou jogar os pares e descansar, porque foram quatro semanas exigentes de aceitar. Há que continuar a boa linha de trabalho para preparar os torneios de terra batida. Vou jogar Bastad, Gstaad e Kitzbuhel e depois sigo para os Estados Unidos.”