Foi com a melhor vitória da carreira que Francisca Jorge conquistou o maior título da carreira e saiu do Cantanhede Ladies Open de sorriso no rosto. E foi esse sorriso que transpôs para a conversa que teve com o Raquetc numa altura em que já prepara o próximo desafio: o Porto Open, precisamente o torneio onde, dois anos antes, tinha deixado por fazer o que agora concluiu.
“Sem dúvida que é o maior título da minha carreira até ao momento. Já o queria há mais tempo, mas cada um tem os seus timings. Este já ninguém mo tira”, afirmou a número um portuguesa, com boa disposição, já depois do primeiro treino na cidade invicta.
Para sair de Cantanhede como campeã, Francisca Jorge teve de superar uma jornada dupla no sábado e de carimbar a maior vitória da carreira no domingo, em plena final. Uma tarefa que concluiu com sucesso porque, apesar do outro lado da rede estar a número 115 mundial, Vitalia Diatchenko, não olhou para o estatuto da adversária: “Acho que isso não influenciou muito a final. Sentia-me confiante e acreditava nas minhas capacidades para desmontar o jogo dela, o que me deu força. As duas vitórias de sábado também me deram muita motivação.”
Apesar de reconhecer que entrou “nervosa, mas a um nível que não me retirou nem clareza, nem lucidez para poder aplicar o meu jogo”, a melhor tenista portuguesa da atualidade destacou que “também senti que ela estava nervosa e isso fez-me querer ainda mais agarrar o jogo sem medo e ir para cima dela.”
O resultado foi uma vitória em dois sets, com os parciais de 7-5 e 7-5, e um dos segredos o facto de ter conseguido deixar fora da mente pensamentos como os que teve na final do Porto Open 2020, a primeira em torneios de 25.000 dólares e que lhe escapou depois de liderar frente a Georgina Garcia-Perez: “Essa final não foi fácil [de digerir] porque tive o jogo praticamente nas mãos, mas desta vez não tive nenhum pensamento do género ‘já está ganho’. Mantive-me concentrada até ao fim e só soltei tudo quando fechei o encontro com um winner.”
E que lição retira a número um portuguesa deste Cantanhede Ladies Open? “Que às vezes é quando menos esperas e menos expetativas crias na tua cabeça que as possibilidades de as coisas correrem bem são maiores. Andava a treinar bem desde que me lesionei, mas os resultados não apareciam e por vezes eram pequenos pormenores, como pouca confiança. Mas fui crescendo e sinto que estou no caminho certo”, concluiu, em vésperas de regressar à competição no Porto, de onde partirá com a seleção portuguesa para a Macedónia do Norte para disputar a Billie Jean King Cup na semana seguinte.