Woody Allen não o imaginava quando realizou a comédia protagonizada por Owen Wilson, Marion Cotillard e Rachel McAdams que ganhou o Óscar de melhor argumento original em 2012, mas o filme “Meia noite em Paris” (Midnight in Paris) foi apoderado pela gíria tenista com a implementação de sessões noturnas em Roland-Garros e em 2022 a primeira personagem principal deste spinoff dá pelo nome de Stefanos Tsitsipas, que às 00h33 de quarta-feira resistiu a um enorme susto e com uma vitória em cinco sets regressou ao palco onde há um ano alcançou a final — que muitos esperam que repita.
Por Gaspar Ribeiro Lança, em Paris
Quarto cabeça de série e maior candidato a resistir a uma metade inferior do quadro que o deixou longe de Novak Djokovic (número um mundial e campeão em título), Rafael Nadal (recordista de títulos), Carlos Alcaraz (que já o derrotou por duas vezes este ano) e Alexander Zverev (responsável pela sua derrota em Madrid), o grego tremeu depois de uma entrada autoritária, mas resistiu e eliminou Lorenzo Musetti por 5-7, 4-6, 6-2, 6-3 e 6-2 após 3h34.
Por grande que soe o contrassenso, apesar do susto Tsitsipas nunca pareceu totalmente em risco. Nos dois primeiros sets o grego não conseguiu expressar-se como gosta e quer no pó de tijolo, mas assim que a terceira partida começou mudou o chip, colocou outra mudança e embalou para uma reviravolta que não teve grande contestação, aplicando ao italiano o remédio que, há um ano, também Djokovic conseguiu (o sérvio perdia por dois sets a zero na quarta ronda, igualou e acabou por beneficiar da desistência do adversário no arranque da partida decisiva).
Por isso, se as duas primeiras partidas pecaram pela falta de gás, a atitude e a subida de nível nas restantes estabeleceram normalidade, dispensando qualquer página extra para uma nova alteração do guião, que assim se mantém: com o susto (bem) ultrapassado, Tsitsipas continua a ser o favorito e maior candidato à chegada à final. Segue-se o checo Zdenek Kolar, que venceu Lucas Pouille em quatro partidas.
