OEIRAS — Matilde Jorge (815.ª classificada no ranking mundial WTA) ficou muito perto, mas falhou por detalhes a maior vitória da carreira e do ténis feminino português nos últimos sete anos, acabando eliminada na primeira ronda do quadro principal de singulares do Oeiras Ladies Open, ITF de 80.000 dólares que acontece no Complexo Desportivo do Jamor, em Oeiras.
A um dia de celebrar o 18.º aniversário, a jovem vimaranense ofereceu muita resistência à francesa Diane Parry (que é a 98.ª do ranking e foi uma das melhores juniores da última década) e esteve a dois pontos da vitória, mas acabou derrotada pelos parciais de 3-6, 6-1 e 7-5 após 2h40 de uma batalha muito entusiasmante.
Frente-a-frente com uma tenista deste calibre pela primeira vez na carreira, Matilde Jorge exibiu-se de ombro para ombro do início ao fim com a jovem francesa, uma das várias esperanças do país para os próximos anos.
Na primeira partida, que começou com jogos dominados pela servidora, a jovem portuguesa até foi a primeira a ceder o serviço, mas reagiu bem e com quatro jogos consecutivos, apoiados num ténis ofensivo e na profundidade de bola sobretudo para a esquerda a uma mão (e spinada de Parry), deu a volta e conseguiu adiantar-se no marcador.
O segundo parcial começou com algumas oscilações. Matilde Jorge teve a possibilidade de fazer o break de entrada, não o conseguiu e perdeu o serviço, mas reagiu muito bem e com um amortie devolveu a quebra logo a seguir. Só que Parry (que esta semana surge na melhor classificação da carreira e na reta final de 2021 conquistou um WTA 125) agarrou-se com unhas e dentes ao encontro e abriu o jogo — e os ângulos — para igualar o resultado.
Na partida de todas as decisões, a jovem portuguesa do Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis soube deixar para trás os acontecimentos do parcial anterior e foi recompensada pelo ténis agressivo com um break ao quarto jogo, depois de ela própria ter anulado uma primeira oportunidade de quebra quando serviu a 0-0. Com o aproximar da vitória, Matilde Jorge sentiu o peso da ocasião e não só perdeu rapidamente o serviço ao 3-1, como enfrentou três pontos de break consecutivos ao 3-3.
Uma vez mais, o ténis agressivo deu frutos e com quatro pontos consecutivos pôde respirar de alívio, mas duas duplas faltas consecutivas voltaram a dar uma oportunidade a Parry, no entanto insuficiente para a francesa fazer mossa e passar pela primeira vez para a frente do duelo. Com a confiança reforçada, Matilde Jorge levou a melhor numa longa troca de bolas e fez o break que a colocou a um jogo da vitória e pouco depois a apenas dois pontos, uma vez que serviu a 5-3 e teve um 30-30.
Entre a espada e a parede, Parry fez a experiência vir ao de cima e com maior variação de jogo obrigou a jovem portuguesa a lutar pela vitória, que pareceu fora de mão quando Jorge foi quebrada ao 5-5, para 5-6. Com a situação do avesso, a tenista da casa ainda ameaçou uma reviravolta dentro da reviravolta ao salvar cinco match points num 12.º jogo que foi o auge do encontro em termos de emoção, mas à sexta foi de vez e a francesa consumou a reviravolta.
A confirmar-se, esta teria sido a primeira vitória de uma tenista portuguesa sobre uma jogadora do top 100 WTA desde que Michelle Larcher de Brito derrotou Ana Ivanovic (então sétima classificada) no WTA de Birmingham, em junho de 2015.
Assim, a representação portuguesa no Oeiras Ladies Open fica reduzida a Francisca Jorge e Ana Filipa Santos, que disputam a primeira ronda de singulares ainda esta quarta-feira.