Nada podia garantir que Emma Raducanu ia carimbar o apuramento para a terceira ronda do Australian Open, mas a entrada da tenista britânica no encontro com Danka Kovinic deu a entender que poderia tratar-se quase de uma mera formalidade, até que graves bolhas na mão direita alteraram por completo a dinâmica do encontro e tiveram um desfecho decisivo na eliminação da surpreendente campeã do US Open.
Dois dias depois de se ter estreado no torneio com uma vitória de afirmação, a britânica de 19 anos cedeu por 6-4, 4-6 e 6-3 para a histórica montenegrina, que se tornou na primeira tenista do país a alcançar a terceira ronda de um torneio do Grand Slam.
A mudança radical no enredo do encontro aconteceu logo aos 15 minutos. Com dois breaks de vantagem graças a uma entrada fulminante, Raducanu olhou para a mão direita, chamou ao court a fisioterapeuta e não voltou a ser a mesma. As bolhas que surgiram durante o encontro da primeira ronda com Sloane Stephens abriram, impediram-na de segurar na raqueta para executar normalmente a pancada de direita e obrigaram-na a recorrer ao slice para lutar pelo resultado.
A jovem britânica revelou uma enorme capacidade de adaptação e conseguiu surpreender ao responder com a conquista da segunda partida depois de deixar escapar por completo a liderança na primeira, mas o milagre não passou de um esboço: entre o desconforto de Raducanu e a estratégia de Kovinic, que com algum atraso identificou a solução e forçou o lado direito do court na metade da adversária para se aproximar da vitória.
No final, história para Danka Kovinic (que vai enfrentar a vencedora do encontro entre Simona Halep e Beatriz Haddad Maia) e um lamento para Emma Raducanu, que depois de uma adaptação naturalmente difícil ao estrelato em que resultou a conquista do US Open conseguiu, em Melbourne, virar a página e escrever a primeira linha do resto da sua carreira.