Houve ação para todos os gostos na madrugada desta quinta-feira, que começou com um par de grandes surpresas, ditou o adeus definitivo de uma estrela da casa e terminou com muito equilíbrio.
“Café da manhã” é o resumo do Raquetc sobre tudo o que aconteceu durante a madrugada em Melbourne Park. Para os que se esqueceram de tomar café, para os que o beberam mas não ficaram noite dentro e até para quem viu tudo — com um toque de boa disposição e aquilo que as aplicações de resultados não dizem.
Logo nas primeiras horas do dia caíram duas das favoritas: Garbiñe Muguruza, campeã do WTA Finals em novembro, e Anett Kontaveit, finalista.
A espanhola, terceira cabeça de série e finalista do torneio em 2020, foi presa fácil para a francesa Alizé Cornet ao apontar 33 erros não forçados a caminho de uma derrota por 6-3 e 6-3 num duelo em que não teve sequer break points. E a estónia, sexta favorita, deixou-se surpreender pelo talento da jovem dinamarquesa Clara Tauson, que continua a seguir os passos de Caroline Wozniacki rumo ao topo e venceu por 6-2 e 6-4 para registar a primeira vitória da carreira sobre uma top 10 mundial.
E o começo da jornada tinha mais uma grande surpresa reservada: Diego Schwartzman (13.º) não teve argumentos para o wild card Christopher O’Connell (175.º) e cedeu por 7-6(6), 6-4 e 6-4 num encontro que levou “à loucura” o público da casa — e com razões para isso. Para o australiano segue-se o em-forma Maxime Cressy, que depois de ter disputado a primeira final da carreira (derrotado por Rafael Nadal no ATP 250 de Melbourne) chegou pela primeira vez à terceira ronda de um torneio do Grand Slam ao superar Tomas Machac por 6-1, 3-6, 6-1 e 7-6(5).
Mais felizes foram os regressos ao court de Aryna Sabalenka (1-6, 6-4 e 6-2 a Xinyu Wang) e Iga Swiatek (6-2 e 6-2 contra Rebecca Peterson), que avançaram para a terceira ronda. Ainda assim, foi mais um encontro-pesadelo para a bielorrussa, número dois mundial, que cometeu 19 duplas faltas e já soma 31 no torneio…
Entretanto, os aplausos do Court 3 prolongaram-se até à Kia Arena, onde Anastasia Pavlyuchenkova pôs um ponto final na carreira de singulares de Samantha Stosur. Apesar de nunca ter conseguido apresentar o seu melhor ténis em Melbourne, onde sentiu sempre a pressão (apenas três vitórias nos últimos oito anos), a australiana recebeu das bancadas e da organização o reconhecimento que merecia por uma carreira de sucesso que teve como pico a conquista do US Open, em 2011, um ano depois de ter jogado a final de Roland-Garros (derrotada por Francesca Schiavone).
De raquetas arrumadas para os singulares, Stosur continuará a dar cartas nos pares. E tudo indica que nessa variante voltará a dar alegrias aos australianos: afinal, já disputou nove finais em toneios do Grand Slam e dessas venceu quatro, a última delas em setembro, no US Open.
De volta ao quadro masculino, Andrey Rublev destruiu a bola no encontro com Ricardas Berankis (6-4, 6-2 e 6-0) e vai defrontar o ex-finalista Marin Cilic (6-2, 6-3, 3-6 e 7-6[6] sobre Norbert Gombos), mas foi o encontro de Taylor Fritz que deu que falar.
O norte-americano levou a melhor no duelo de compatriotas e ex-elementos da NextGen frente a Frances Tiafoe — dois jogadores que se destacaram na reta final de 2021 — por sólidos 6-4, 6-3 e 7-6(5) e sentiu o momento ao celebrar a vitória: a queda no chão para celebrar deu origem a cãibras e já só se conseguiu levantar com a ajuda do adversário, que revelou muito desportivismo mesmo no momento da derrota.
Com o final da tarde a aproximar-se em Melbourne e o sol a ameaçar nascer em Portugal, Craig Tiley quebrou o silêncio e concedeu uma entrevista na qual abordou o caso-Djokovic. Mas os seis minutos de conversa com o Channel 9 (a estação televisiva oficial do torneio…) trouxeram poucas respostas.
O CEO da Tennis Australia e diretor do Australian Open negou os rumores avançados na véspera de que seria a federação australiana de ténis a pagar as despesas legais do caso, descartou responsabilidades de maior e afirmou que em nenhum momento considerou renunciar ao cargo antes de colocar um ponto final no assunto, mas a forma superficial como o abordou faz antever que esta não tenha sido a última requisição.
Pouco depois, Stefanos Tsitsipas tropeçou, mas não caiu e derrotou uma das sensações de 2021 ao nível Challenger para chegar à terceira ronda. Os parciais de 7-6(1), 6-7(5), 6-3 e 6-4 em 3h21 resolveram o encontro com Sebastian Baez, mas a superioridade técnica do grego conjugada com a falta de experiência do argentino a este nível (e em piso rápido) deveriam ter significado um desfecho mais folgado para o semifinalista de 2019 e 2021.
A fechar a sessão diurna, várias batalhas muito entusiasmantes: Félix Auger-Aliassime sorriu por último numa maratona titânica de quatro tie-breaks com Alejandro Davidovich-Fokina, ao derrotar o espanhol por 7-6(4), 6-7(4), 7-6(5) e 7-6(4), enquanto Benoit Paire surpreendeu Grigor Dimitrov pelos parciais de 6-4, 6-4, 6-7(4) e 7-6(2).
A jornada continua com a sessão noturna, com destaque para as segundas rondas de Andy Murray (vs. Taro Daniel), Emma Raducanu (vs. Danka Kovinic) e Simona Halep (contra Beatriz Haddad Maia).
