Das emoções de defrontar a irmã ao histórico “penta” e algumas recordações: Francisca Jorge e mais um dia para a história

Sara Falcão/FPT

OEIRASFrancisca Jorge sagrou-se este sábado campeã nacional absoluta pelo quinto ano consecutivo ao derrotar a irmã mais nova, Matilde Jorge, na final que aconteceu na nave dos campos cobertos do Complexo de Ténis do Jamor, em Oeiras. E entre uma final especial, pelo simbolismo, e uma conquista histórica, pelos números, foram muitas as emoções que a melhor tenista portuguesa da atualidade (386.ª WTA) sentiu nas últimas 24 horas.

“Estou muito feliz, não só pelo título, mas também porque fiz um bom jogo. Estive a um bom nível e é claro que fico contente por ter partilhado o campo com a Matilde. Mostra que estamos as duas a trabalhar bem para alcançar os grandes palcos, é sinal de que o nível está quase equiparado e isso é muito bom”, reagiu Francisca, de 21 anos, após a vitória por 6-4 e 6-2 sobre Matilde, de 17 anos.

“Não é fácil lidar com estas emoções. Não quero dar o título à minha irmã, mas também não quero que ela perca… Os títulos vão para casa independentemente do resultado, mas não há empates e uma de nós tinha de ganhar. Faz parte e se realmente ambicionamos ser duas grandes jogadoras isto vai acontecer mais vezes e temos de estar habituadas e encarar estes encontros com naturalidade”, acrescentou, antes de afirmar que “este foi o meu melhor encontro de todo o Campeonato Nacional e isso fez a diferença, porque se não tivesse jogado bem hoje não tinha ganho. Fui um bocadinho superior e mostrei-lhe que ela ainda tem de comer um bocadinho de sopa [risos].”

Sobre a preparação para o encontro decisivo, no qual carimbou a sua 20.ª vitória consecutiva em encontros de singulares no Campeonato Nacional Absoluto, a mais velha das duas irmãs vimaranenses revelou que o abordou como um treino: “Temos a mesma equipa técnica, passamos todos os dias juntas e treinamos muitas vezes, por isso acaba por ser uma rotina muito normal e mentalmente preparei-me a pensar que era mais um treino. A única diferença era que hoje estávamos a disputar o Campeonato Nacional e uma final é sempre uma final, há nervos independentemente de quem esteja do outro lado da rede.”

Sem ter ficado surpreendida com o nível que Matilde Jorge apresentou sobretudo no arranque do encontro — “ela sabia que tinha de me pressionar porque essa era a única forma de me ganhar pontos, por isso eu sabia que ela ia entrar a matar” —, Francisca Jorge admitiu “uma entrada nervosa” que a fez ficar “presa ao resultado”. Mas ficou satisfeita com a reação: “Consegui libertar-me logo da pressãozinha do resultado e jogar mais tranquila e o jogo acabou por aparecer naturalmente.”

Uma conquista histórica e duas recordações

A vitória deste sábado consagrou Francisca Jorge como a quarta pentacampeã nacional da história do ténis feminino português, um feito até aqui só alcançado por Leonor Peralta (a recordista absoluta, com um total de 13 títulos na prova rainha), Sofia Prazeres (nove vezes campeã) e Maria João Koehler (seis — a próxima marca que a vimaranense persegue).

Ao todo, a jogadora natural de Guimarães já soma impressionantes 29 títulos de campeã nacional entre os escalões de sub 12, sub 14, sub 16, sub 18 e seniores e entre todas esses triunfos não precisou de pensar muito para apontar os dois mais especiais: “Há dois: o primeiro foi o Campeonato Nacional de sub 16 que ganhei em 2014, com 14 anos. Foi o meu primeiro Campeonato Nacional de sub 16, fiz um jogo que me correu muito bem e em que consegui desmontar a minha adversária e no final, não vou mencionar nomes, mas no final disseram-me que o meu tipo de jogo não ia dar em nada. Agora mostro o contrário e sinto-me feliz por isso. E o outro sem dúvida que foi o meu primeiro título no Campeonato Nacional Absoluto, em 2017, contra a Maria João Koehler. Aí mostrei que queria muito e que já me estava a aproveitar das boas jogadoras.”

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