Maria Sakkari: “Aos 26 anos, é provavelmente o meu momento”

Darren Carroll/USTA

Precisou de 20 participações em torneios do Grand Slam para atingir a primeira meia-final, em Roland-Garros, e agora já está apurada para a segunda da carreira e do ano no US Open. A grega Maria Sakkari superou a checa Karolina Pliskova com uma exibição a roçar a perfeição e marcou encontro com Emma Raducanu na luta por um lugar na final.

Após o embate, a tenista helénica passou pela sala de imprensa e teceu um pequeno comentário sobre o encontro. “Servi muito bem. Não me tinha apercebido que tinha ganho 22 pontos consecutivos ao serviço até que a Pam [Shriver, repórter da ESPN] me disse. Estou muito feliz, consegui gerir o meu nível de stress e as minhas expectativas, especialmente no fim do encontro, que foi difícil de fechar. Penso que me portei muito bem”, analisou.

À espera de Maria Sakkari nas meias-finais está a sensação Emma Raducanu, uma tenista nova no circuito e que por isso ainda não é muito conhecida pela grega, que recusa o estatuto de favorita: “Bem, ela é uma jogadora nova no circuito, por isso não conheço muito sobre ela. Obviamente, está a ter o torneio da vida dela e merece estar aqui. Venceu todos estes encontros. Não me consideraria a favorita, acho que todas temos as mesmas chances de vencer nas meias-finais e de vencer o título. Daria 25% de hipótese a cada uma, a começar amanhã, e depois 50% às duas finalistas. Estamos todas aqui por uma razão. Estamos todas a jogar bem, não é como se tivéssemos tido cinco walkovers. Estou em êxtase por jogar uma segunda meia-final este ano”.

As quatro semifinalistas são relativamente novas: Sakkari tem 26 anos, Aryna Sabalenka tem 23, Leylah Fernandez tem 19 e Emma Raducanu é a mais nova, com 18. Questionada sobre como isso a faz sentir, a tenista grega respondeu com algum humor à mistura e falou sobre o seu momento de explosão no circuito. “Certamente não me sinto velha”, começou por dizer entre risos. “Acho que estou na melhor altura da minha carreira, estou mais madura do que antes. Cada jogadora tem o seu momento diferente em que explode. Agora, aos 26 anos, é provavelmente o meu momento. Cheguei tarde ao circuito, não era uma boa júnior, não era uma estrela quando tinha 18 ou 19 anos. Tive de trabalhar muito, de sacrificar muitas coisas na minha vida e agora está a valer a pena. Estou muito feliz por agora, aos 26 anos, conseguir estes resultados”, acrescentou.

A evolução no último ano em termos mentais foi também tema de conversa durante a conferência de imprensa: “Acho que essa é provavelmente a minha maior melhoria, especialmente esta temporada. Eu sabia que tinha de melhorar, só não sabia como e a direção certa no court e fora dele para começar a aproximar-me de onde quero estar, de atingir os meus objetivos e de fazer-me acreditar que pertenço aqui. Agora, esta temporada, que ainda não acabou, provei a mim mesma que consigo ser uma das melhores do Mundo. Melhorei muito mentalmente. A idade, claro, faz uma grande diferença, mas tenho trabalhado a minha força mental mais do que possam imaginar”.

Grega orgulhosa, Maria Sakkari sabe que este feito não vai passar em claro no país natal, que já vibrou anteriormente com a meia-final em Roland-Garros. Admitindo desconhecimento sobre se este resultado já começou a ter impacto, a tenista de Atenas aproveitou para dedicar o triunfo ao país, que viveu momentos conturbados nos últimos tempos. “É um grande feito para a Grécia. Não tive a chance de o fazer no court, mas quero aproveitar para dedicar esta vitória à Grécia, porque tivemos muitas dificuldades no último mês com os incêndios. Para mim, vencer pela Grécia e fazer as pessoas gregas terem orgulho, sobretudo nestes tempos mais difíceis, deixa-me ainda mais feliz. Eu amo o meu país.”

“Não sei que atenção estou a ter lá neste momento, acredito que deve ser semelhante ou até mais do que em Roland-Garros. O que assisti depois de Roland-Garros foram apenas boas coisas, nunca ouvi um mau comentário de alguém. Vinham todos ter comigo com um sorriso e palavras muito boas. Só posso ter boas memórias disso, porque isso não vai durar para a minha vida inteira. Vou ser relembrada, claro, mas não vou ser uma jogadora no ativo daqui a dez, 15 anos”, afirmou.

20 Grand Slams disputados antes desta época e nenhuma presença nas meias-finais. Este ano já leva duas, uma na terra batida e agora a primeira em piso rápido. Havendo já espaço para comparação, o que é diferente de Roland-Garros para o US Open? “Depois de chegar à minha primeira meia-final de um Grand Slam em Roland-Garros senti que podia fazê-lo de novo. Não foi sorte, porque venci todas estas grandes jogadoras e agora, para ser muito honesta, acho que tive um dos piores sorteios. Acho que a Sloane [Stephens] teve um sorteio pior que o meu, mas Kostyuk, Siniakova, Kvitova, Andreescu, Pliskova… todas estas jogadoras são as que não queres defrontar nas primeiras rondas”

“Tive que jogar muito bem para estar aqui e isso dá-me muita confiança, porque venci algumas grandes jogadoras para chegar às meias-finais desta vez. Sinto-me muito bem, não quero dar má sorte, mas o meu ténis está num bom nível e mentalmente estou muito calma. Não quero ficar muito extasiada, porque tenho de jogar amanhã. Se tivesse um dia de folga, seria diferente. Estou muito excitada por poder jogar a minha segunda meia-final”, concluiu.

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