Djokovic: “Trabalhei durante anos para que o meu jogo não tenha falhas”

Jed Jacobsohn/USTA

O sérvio Novak Djokovic ficou na madrugada desta quinta-feira um passo mais perto de alcançar a história no US Open. O líder do ranking mundial derrotou Matteo Berrettini em quatro sets e apurou-se para as meias-finais em Flushing Meadows, pelo que está a duas vitórias de poder ser o primeiro homem desde Rod Laver, em 1969, a vencer os quatro torneios do Grand Slam no mesmo ano.

Após o embate, Djokovic passou pela sala de imprensa para fazer a análise ao embate: “Os melhores três sets que joguei, segundo, terceiro e quarto, no torneio até agora. Acho que consegui elevar o nível do meu ténis quando perdi o primeiro set. Atingi outro nível e mantive-me lá até ao último ponto. É algo que me encoraja e me dá confiança para as meias-finais. Foi uma grande batalha, é sempre assim com o Matteo. É um jogador muito poderoso, tem uma direita que funciona de qualquer lado e um dos maiores serviços que temos no ténis. É um jogador complicado de enfrentar, que gosta dos grandes palcos e que traz muita energia e intensidade ao court. Foi uma grande batalha, mas sinto que subi o nível e o meu jogo melhorou durante os últimos encontros. Está tudo a ir na direção certa até ao momento”.

O tenista sérvio foi também questionado sobre se tem alguma preparação específica para quando enfrenta tenistas mais fortes e maiores, como o caso de Berrettini, mas disse preferir focar-se no seu jogo. “Sei quais são os meus pontos fortes e mantenho-me fiel a eles. Trabalhei durante anos para aperfeiçoar o meu jogo e para que ele não tenha falhas. Todos os jogadores têm algumas fraquezas no seu jogo, há sempre algo que podes melhorar e eu quero ter o meu jogo o mais completo possível para que, quando defronto alguém, possa adaptar-me em qualquer superfície, possa adotar estilos diferentes de jogo, implementar taticamente o jogo que precise para aquele encontro em particular de forma a ganhar”, começou por dizer.

“Quero que os meus adversários sintam que eu posso conseguir qualquer pancada, que posso jogar confortavelmente no fundo do court, na rede, a servir, a devolver. Ao longo dos anos, trabalhar no aperfeiçoamento do meu jogo ajudou-me imenso a conseguir adaptar-me ao jogo de qualquer pessoa e a qualquer superfície. Alguns tenistas, como o Matteo, precisam de sentir força, porque tem um grande serviço, precisa de sentir a sua direita, que lhe dá muitos pontos de borla, precisa de sentir que dita o ritmo. A minha constituição física e o meu trabalho no court e em termos de condição física foram sempre no sentido de dar a mesma atenção a todos os aspetos da minha condição, seja força, flexibilidade, agilidade ou velocidade. Sempre quis ter tudo num nível satisfatório, para que possa sempre ir buscar o elemento que preciso naquele momento em particular. Acho que consegui fazer isso bem no encontro de hoje”, acrescentou.

Ainda com os Jogos Olímpicos de Tóquio muito presentes, até pelo facto de ter sido travada aí a possibilidade de atingir o Golden Slam, Djokovic falou sobre o que aconteceu e deixou elogios a Alexander Zverev, precisamente o tenista que vai defrontar nas meias-finais do US Open: “Os Jogos Olímpicos tiveram um fim complicado para mim em termos emocionais. Dominei o torneio até às meias-finais e estive 6-1 e 3-2 contra o Zverev, que também está a jogar muito bem e jogou um grande ténis. Infelizmente, o meu jogo caiu por terra. São coisas que acontecem. Comecei a duvidar das minhas pancadas, ele começou a ler bem o meu serviço e ele próprio tem um grande serviço, que lhe deu vários pontos de borla. Quando dás por ti, ele ganhou. Ganhou confortavelmente. Mereceu vencer a medalha de ouro pela forma que tem jogado e não perdeu um encontro desde esse momento”, comentou.

O tenista de 34 anos fez ainda uma pequena antevisão do próximo embate: “Está numa forma fantástica, assim como o Medvedev. Mas é à melhor de cinco sets, é um Grand Slam. Claro que, olhando aos resultados dos últimos anos, ele jogou muito bem aqui. Esteve a poucos pontos de vencer o primeiro Grand Slam no ano passado contra o Dominic [Thiem]. Sei que vai ser uma batalha ainda mais dura do que a de hoje, mas estou pronto para isso. Estes são os obstáculos que preciso de ultrapassar para chegar ao destino desejado. O resultado é algo que não posso prever, mas posso colocar-me no melhor estado mental e físico possível para jogar o melhor que sei. Conheço bem o jogo dele, já o vi jogar e está a jogar muito bem. São as meias-finais, quando nos defrontarmos vão existir nervos e existem muitas coisas a ter em conta. Pode cair para qualquer lado. Acho que muito poucos pontos vão determinar o vencedor”.

A poucos passos de um feito histórico, acaba por ser inevitável trazer a conversa à baila, mas Djokovic tem tentado fugir à questão durante os últimos tempos. Porquê? “Porque tenho tido essa pergunta muitas vezes recentemente, o que é compreensível, mas fartei-me de responder a isso. Já disse imensas vezes que estou ciente da história e claro que me dá motivação, mas também me desgasta mentalmente se pensar demasiado nisso. Quero apenas voltar ao básico e ao que realmente resulta em termos mentais para mim. Estou numa posição que é única, sou grato por isso, e estou inspirado para jogar o meu melhor ténis, mas sei o que funciona comigo para vencer apenas o próximo encontro”.

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