Terminou o annus horribilis de Naomi Osaka. Apesar de ter entrado em 2021 com um segundo título no Australian Open, a japonesa entrou rapidamente numa espiral de emoções e pensamentos que a afastaram de dois dos maiores eventos da temporada — Roland-Garros e Wimbledon — e reduziram significativamente o rendimento nos restantes. Depois da desilusão nos Jogos Olímpicos, a campeã em título despediu-se do US Open na madrugada deste sábado, depois de um encontro que esteve a quatro pontos de vencer.
Entre maratonas com contornos épicos no Artur Ashe Stadium (primeiro o triunfo de Carlos Alcaraz sobre Stefanos Tsitsipas, depois o de Frances Tiafoe perante Andrey Rublev), a número três mundial serviu para a vitória a 7-5 e 6-5 contra Leylah Fernandez, mas a canadiana de 18 anos aproveitou uma janela de oportunidade para quebrar e iniciar a reviravolta que resultou na melhor vitória da carreira e no primeiro apuramento para a quarta ronda de um torneio do Grand Slam.
De volta a Naomi Osaka, a figura mais popular do circuito feminino esteve de tal forma desconfortável em court que recebeu uma violação do código de conduta por abuso de bola — um comportamento raríssimo na japonesa e que a levou a abrir a conferência de imprensa com um pedido de desculpas. Mas foi nos restantes momentos, de ombros descaídos e olhar cabisbaixo, que a superestrela japonesa deu a entender não estar bem.
“Nos últimos tempos não me sinto feliz quando ganho, sinto-me mais aliviada. E quando perco sinto-me muito, muito triste. Não queria mesmo chorar, mas sinto-me…”, desabafou antes de ceder às lágrimas que tentava conter, antes de uma breve interrupção iniciada pelo moderador que Osaka rapidamente contrariou: “Sinto que estou num momento em que estou a tentar perceber o que quero fazer e para ser sincera não sei quando é que vou jogar o meu próximo encontro. Vou parar de jogar durante algum tempo.”
Se na abordagem a Nova Iorque já falava do US Open como um dos últimos torneios que planeava jogar num 2021 em que poucas foram as vezes que pisou o court, depois da despedida do Artur Ashe Stadium — onde interrompeu uma série de 16 vitórias consecutivas em torneios do Grand Slam — ficou certo que Naomi Osaka não voltará a jogar no que falta da temporada. Popular em todos os cantos do globo, aquela que é a atleta feminina mais bem paga do mundo há dois anos consecutivos terá, nos próximos meses, a desejada oportunidade de fugir aos holofotes e reencontrar a felicidade.