Novak Djokovic é o novo campeão de Roland-Garros. Número um mundial, o sérvio derrotou o grego Stefanos Tsitsipas por 6-7(2), 2-6, 6-3, 6-2 e 6-4 em 4h11 e tornou-se no primeiro tenista masculino da história a conquistar pelo menos dois títulos em cada um dos torneios do Grand Slam. À frente dele, e a apenas um de distância, só os arquirrivais Roger Federer e Rafael Nadal, com 20 títulos cada um.
Depois de uma jornada de sexta-feira recheada de emoções em ambas as meias-finais, foi Tsitsipas (que deixou escapar uma vantagem de duas partidas frente a Alexander Zverev) quem se colocou em melhor posição de chegar ao título ao agarrar uma vantagem de dois sets a zero.
Na final mais importante da ainda curta, mas já muito promissora carreira, o grego só acusou os nervos no primeiro ponto — cometeu uma dupla falta. Daí para a frente, com uma compostura exemplar e a lição bem estudada, o quinto classificado no ranking mundial "abriu o leque" e conseguiu neutralizar o ténis do melhor jogador da atualidade, que entre o cansaço acumulado pelas suadas vitórias frente a Matteo Berrettini nos quartos de final e sobretudo Rafael Nadal, pelo significado que tem superar o espanhol na catedral da terra batida, e o peso da ocasião (uma vitória torná-lo-ia no primeiro homem da história a conquistar pelo menos dois títulos em cada torneio do Grand Slam) não contou com a sua melhor forma para travar a irreverência do jovem grego.
Apesar de não ter partido como favorito, a forma recente do jogador de Atenas (líder de vitórias em 2021, com 39, e em terra batida, com 22) e os últimos encontros (derrota em cinco sets nas meias-finais de Roland-Garros, em outubro, e em três nos quartos de final de Roma, há poucas semanas) asseguraram-lhe a confiança necessária para não se deixar abalar em momentos de maior aperto. Foi assim nos primeiros jogos de serviço de Djokovic, em que o sérvio venceu os primeiros 13 pontos, e foi assim no 12.º jogo, quando depois de desperdiçar um set point ao 5-4 e de ser quebrado ao 5-5 apertou o “saque” do adversário para forçar um tie-break onde voltou a precisar de nervos de aço para não se deixar afetar pelas vantagens de 4-1 e 5-2 que rapidamente se transformaram num set point favorável a Djokovic, anulado de forma autoritária segundos depois para fazer cair para o seu lado um set que se prolongou por 68 minutos.
Com um aproveito exímio das condições de jogo (à semelhança do que Nadal tantas vezes conseguiu contra Djokovic nesta superfície), Tsitsipas fez uso do topspin como poucos conseguem para encostar Djokovic ao fundo do court. Considerado um dos melhores da história no capítulo da movimentação, o sérvio não conseguiu replicar o comprimento de bola que lhe é habitual e falhou, sobretudo, na execução da esquerda paralela que costuma ser determinante para criar dificuldades aos adversários.
Mais fresco física e psicologicamente, o ateniense conseguiu aproveitar o embalo de uma primeira partida muito demorada para ganhar logo vantagem no segundo set, que foi dos mais autoritários que disputou ao longo de uma quinzena que foi praticamente perfeita até ao momento em que consentiu a Alexander Zverev a recuperação de uma desvantagem de dois sets a zero nas meias-finais. Com a esquerda paralela de Djokovic descalibrada e as trocas de bolas cruzadas a caírem essencialmente para o seu lado, Tsitsipas duplicou a vantagem num piscar de olhos.
Mas as finais de torneios do Grand Slam só ficam decididas quando um dos protagonistas ganha três sets e, depois de "escalar o Evereste" na sexta-feira, ao alcançar a proeza de impingir a Nadal a terceira derrota da carreira em 108 encontros em Roland-Garros, Djokovic aceitou mais um desafio e começou a desenhar outra recuperação — apenas a terceira da história do circuito masculino desde o começo da Era Open, em 1968, em finais do Grand Slam.
A partir do terceiro parcial o encontro mudou: Djokovic elevou o nível, Tsitsipas perdeu alguma concentração e a consistência das horas anteriores e o mais cotado dos dois usou a experiência para levar até ao fim a investida. Só no quinto set é que o grego voltou a conseguir ser um real opositor, mas o sérvio já tinha o ascendente mental e com um break precoce conseguiu segurar a liderança e carimbar a vitória depois de 4h11 — exatamente o mesmo tempo de jogo que nas meias-finais, ainda que com mais um parcial.
Com a reviravolta histórica deste domingo, Novak Djokovic colocou-se mais próximo do que nunca de igualar o recorde de Roger Federer e Rafael Nadal, os seus arquirrivais, que partilham desde a edição de 2020 de Roland-Garros o registo de 20 troféus em torneios do Grand Slam.