[Exclusivo] Verdasco orgulhoso com a carreira: “Aos 16 anos teria assinado logo”

Millennium Estoril Open

O espanhol Fernando Verdasco está no Millennium Estoril Open para realizar o segundo torneio em 2021, o primeiro em terra batida. Aos 37 anos, o ex-número sete mundial continua à procura de regressar à melhor forma após a intervenção cirúrgica a que foi submetido em novembro do ano passado e falou em exclusivo ao Raquetc sobre o encontro da primeira ronda com Albert Ramos, o que ainda o motiva ao fim de 20 anos no circuito, o que vem depois do ténis e ainda a nova geração de jogadores espanhóis.

No que diz respeito ao confronto da primeira ronda frente a Ramos, contra quem lidera por 5-4 no confronto direto, Verdasco não espera nada que não um jogo complicado. “A terra batida é a superfície favorita dele e a superfície onde ele é mais difícil de bater. Já tivemos grandes batalhas durante os últimos anos e obviamente espero um jogo difícil, como todos os outros que jogamos. É um bom adversário para me testar. É um jogador difícil, sólido e vai ser um teste de fogo”, começou por dizer o tenista espanhol.

Apesar de garantir que vai “tentar o melhor”, os objetivos de Fernando Verdasco para esta semana não têm a ver com resultados. “Vou focar-me apenas em mim mesmo, tentar jogar o melhor possível mas também tentar ver como estou, como me movimento, como o joelho está a reagir”, disse o tenista madrileno, que foi submetido à primeira intervenção cirúrgica em toda a carreira no final do ano passado.

Com a noção de que “é preciso tempo para entrar no ritmo da competição”, Verdasco vem a Portugal depois de ter optado por não ir a jogo no qualifying do Masters 1000 de Monte Carlo e no ATP 250 de Belgrado. “Estava nos torneios, mas decidi desistir. Pensei que seria melhor para mim continuar a treinar, a tentar recuperar o joelho da melhor forma possível e focado em Madrid e Roland Garros. Esses são os dois torneios em que quero estar o melhor possível”, revelou.

Antes do arranque da prova, Fernando Verdasco já estava em Portugal há cerca de uma semana e aproveitou o tempo para treinar com o português Pedro Sousa“Quando chegou a decisão de vir ao Estoril, eu pensei que estava a treinar bem. Estive a treinar bem durante alguns dias em Madrid com o Feliciano López e depois vim para Portugal na semana passada e estive a treinar com o Pedro Sousa no clube dele. E senti-me bem, por isso decidi jogar”, afirmou.

2021 marca a 20.ª temporada de Verdasco enquanto tenista profissional. Na hora de olhar para trás, e se porventura o fim tivesse que ser agora, o veterano atleta espanhol saía bem consigo mesmo: “Acho que tive uma carreira inacreditável, muito mais longa do que eu esperava ou que pensava que ia ter quando tinha 16, 17 anos. Por acaso já pensei nisso, ainda mais durante este ano de pandemia, que se eu voltasse aos 16 ou 17 anos e alguém me mostrasse a carreira que tive e me dissesse ‘vais ter esta carreira. Assinas por ela?’, eu assinava na hora. Mas claro, assim que estás a jogar e estás no top 10, estás no sétimo lugar do ranking, queres estar em sexto. E depois queres estar em quinto. É mesmo assim, porque somos jogadores de alta competição, queremos sempre ganhar”, disse Verdasco, que garantiu ainda que “se tivesse de parar agora, estaria muito contente com ela [a carreira].

Mas afinal, o que é que ainda motiva o espanhol, que reside em Doha, ao fim de 20 anos? O amor. [Porque continua] Porque gosto. Porque amo o ténis. Tenho jogado ténis durante toda a minha vida e tenho-o feito porque gosto do ténis. Não o vejo apenas como um trabalho. Eu oiço alguns outros jogadores que dizem ‘eu odeio o ténis’. Eu não odeio o ténis. Apenas gosto de jogar, gosto de treinar”, contou. Mas o vencedor de sete títulos ATP também se considera “sortudo por poder viajar com a minha esposa e os meus dois filhos” e diz que é isso, aliado à “sensação da competição e à sensação de ganhar”, que o faz continuar. Mas alerta: “Com a minha idade, se eu não fosse capaz de viajar com eles, aí sim seria muito mais complicado, quase impossível”.

20 anos se passaram e Fernando Verdasco tem hoje 37, mas parar não está nos planos até ao dia em que o corpo diga que já chega. “Se te sentes fresco emocionalmente, no sentido de continuares a querer jogar, treinar e a sacrificar-te no court e fora dele, e o teu corpo reage de uma forma que te permite fazê-lo, então não interessa quão velho és. Eu sempre disse que vou continuar a jogar enquanto me sentir capaz de o fazer”, afirmou sem hesitar. O estado do joelho após a cirurgia é a única coisa que preocupa Verdasco e é nisso que o espanhol quer trabalhar, garantindo que vai continuar a jogar enquanto sentir que tem nível para estar no circuito: “Tenho de ver se o meu joelho e a minha perna chegam a um ponto em que me vejo a saltar para o court e a lutar contra estes jogadores e a estar ao nível do jogo. Mesmo que perca, se sentir que consigo estar ali, vou estar ali enquanto me sentir assim”.

A vida após a retirada foi outro dos aspetos que Fernando Verdasco abordou. Com os exemplos de Feliciano LópezDavid FerrerJuan Carlos Ferrero ou Carlos Moyà bem presentes enquanto ex-jogadores que abraçaram um projeto ligado à modalidade, Verdasco garante que “quando foste um jogador de ténis e quando estiveste no mundo do ténis toda a tua vida, não é fácil simplesmente desaparecer e não seres um treinador, ou não teres uma academia ou não estares envolvido de alguma forma”. No entanto, o atual número 71 mundial confessou não saber o que o futuro lhe reserva, ainda que se considere uma pessoa que “não descarta possibilidades.

Por agora, o foco está em “recuperar o joelho para regressar ao normal e tentar ganhar o ritmo da competição novamente”“Ainda acredito que o posso fazer, por isso a minha mente está focada nisso. Se estiveres focado em muitas coisas, no final não fazes nenhuma. Primeiro, prefiro focar-me nisto e depois, quando a altura chegar e eu me retirar do ténis, vejo as opções e sigo em frente”, disse.

O Millennium Estoril Open é também o palco que acolhe esta semana dois dos mais promissores tenistas da nova geração espanhola: Alejandro Davidovich Fokina Carlos Alcaraz“Ambos têm um grande potencial e podem ser muito bons jogadores”, afirmou Verdasco, que disse ainda possuir uma maior relação com Davidovich Fokina, com quem esteve duas semanas na “bolha” em Colónia na temporada passada. O tenista madrileno confessou não gostar de “colocar um número na carreira de alguém” e por isso recusou fazer previsões em relação ao ranking que ambos podem vir a atingir. A fechar, Fernando Verdasco deixou um pensamento e ao mesmo tempo uma esperança: “Assim que a minha geração, o Rafa, eu, o Feliciano nos retirarmos, penso e espero que Espanha continue a ter grandes jogadores no circuito”.

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