OEIRAS – O duelo que todos falam há uns dias vai mesmo acontecer: Nuno Borges ultrapassou o francês Manuel Guinard em três sets, apurou-se pela primeira vez para as meias-finais de um Challenger e vai encontrar o compatriota Gastão Elias este sábado na luta por um lugar na final. Ainda antes de disputar as meias-finais de pares, ao lado do amigo Francisco Cabral, Borges falou com os jornalistas depois do triunfo em singulares.
“Hoje também foram os primeiros quartos de final. Estou muito feliz, foi mais um desafio superado. Foi um jogo de altos e baixos e estou contente por ter saído por cima”, referiu o maiato de 24 anos. Sobre a vitória, Borges mencionou que Guinard “entrou de repente no jogo no final do primeiro set, com mais crer e eu se calhar não acompanhei bem a mudança do nível dele. Senti que podia ter ganho o segundo set, mas fiz umas asneiras no final. Depois preocupei-me em entrar bem no terceiro”.
Depois de um parcial praticamente de sentido único em favor de Borges, o francês (324 do ranking ATP) resgatou o segundo parcial, aproveitando um período de menor fulgor do português. “Tenho vindo a sentir-me cada vez mais confortável. Não preciso de estar sempre tão stressado e tão tenso a jogar, principalmente em terra batida, onde há mais tempo para fazer as coisas, não preciso de estar a querer fazer demasiado e soube lidar com o momento”, analisou o atual 378 do mundo, em auto-avaliação.
“Tenho de tentar ao máximo fazer o meu jogo, estar por cima dele e tentar tirar o que ele gosta de fazer e aplicar o que eu gosto de fazer”, anteviu o maiato, que lidera o registo oficial face a Gastão Elias com duas vitórias para uma derrota. “Ele só traz esse registo para este jogo se achar que sim. Eu estou tranquilo, joguei muito bem quando joguei contra ele, estava a jogar bom ténis, mas foi tudo em piso rápido e um até perdi. Todos esses jogos foram em circunstâncias diferentes. Amanhã ele deve estar fresquinho, hoje não jogou, eu também me sinto bem, não estou desgastado, apesar de três sets foi um jogo relativamente curto”.
“Já sei o que esperar do Gastão, ele é extremamente duro, mais aqui, na praia dele e menos a minha”, disse Nuno Borges. Sobre a questão física, visto que hoje o lourinhanense hoje não competiu e o mais novo dos dois ainda compete em pares, o número sete nacional não crê que vá ser um factor…a menos que o duelo de amanhã seja uma dura batalha. “Depende muito de como o jogo decorrer. Se conseguir implementar o meu jogo não me vai custar tanto. Se ele conseguir estar a fazer o jogo dele ou forçar trocas de bola mais compridas pode custar mais. Mas sinto-me bem e para já não tenho tido problemas de energia no campo”.
Nuno Borges sempre mencionou o facto de Elias ser uma das suas referências na modalidade e o respeito pelo mais velho é evidente. “Ele representa mais para mim agora do que antes. Antigamente via o ténis um bocadinho de longe, agora percebo onde é que ele já chegou, o topo do topo, mas passar por tudo o que ele passou, lesões, perder o ranking todo e voltar ao zero e depois voltar a construir tudo do zero, meter-se outra vez a jogar ITFs e Challengers, tudo isso não é nada fácil. É complicado voltar ao mindset para estar pronto para jogar este jogos mais pequenos, voltar a lutar por pontos. O Gastão é um exemplo para todos nesse aspecto. Anda aqui a varrer o campo, já não tem 22/23 anos, já passou por muito e ainda está aqui capaz de lutar pelos jogos mais pequenos para um dia voltar a chegar ao topo”.
No entanto, a vontade de ganhar e chegar à final é enorme. “Sinto que é possível vencer, vou estar tranquilo e sei que vou precisar de um pouco mais do que fiz em piso rápido contra ele. Não sinto aquela obrigação de ganhar, mas vou dar tudo e se ele me derrotar vai ter de merecer”.