Juan Manuel Cerúndolo tem 19 anos, é o número 335 do ranking ATP e até há oito dias poucos para além dos fanáticos argentinos seriam capazes de o identificar, mas uma semana depois a história é bem diferente: agora, faz parte da lista de campeões do circuito ATP.
A jogar em casa, Cerúndolo agarrou-se com unhas e dentes ao wild card que recebeu para disputar o qualifying do ATP 250 de Córdoba, na Argentina, e levou até ao fim a campanha, ao derrotar o bem mais experiente Albert Ramos-Vinolas por 6-0, 2-6 e 6-2 para conquistar o título. Foi a primeira vez desde 2004 que um estreante em quadros principais de torneios ATP terminou a semana com o troféu de campeão nas mãos.
Talvez espantado, provavelmente ainda inconsciente em relação ao que tinha acabado de fazer, Juan Manuel Cerúndolo pouco celebrou. De forma tímida, sorriu e ergueu um dos braços e o punho, mas o que aconteceu este domingo — e esta semana — é digno de maiores celebrações.
No qualifying derrotou Fermin Tenti (576.º ATP), Juan Pablo Varillas (168.º) e João Menezes (199.º) e no quadro principal passou por Thiago Seyboth Wild (119.º), Miomir Kecmanovic (41.º), Thiago Monteiro (74.º), Federico Coria (95.º) e, na grande final, Albert Ramos-Vinolas (que é o 47.º, mas chegou a ser 17.º).
A caminhada em Córdoba foi um conto de fadas tornado realidade para Cerúndolo, filho de pais tenistas, irmão de um tenista e de uma jogadora de hóquei em campo, que ainda em outubro estava em Portugal a jogar um torneio ITF, em Setúbal (perdeu na segunda ronda). E fez dele o primeiro jogador desde Santiago Ventura, em Casablanca 2004, a vencer um torneio ATP na sua estreia em quadros principais. E não só: desde a fundação do circuito, em 1990, é o quinto jogador com pior classificação a conquistar um torneio, só atrás de Tommy Haas (349.º, Houston 2004), Fernando Gonzalez (352.º, Orlando 2000), Pablo Andujar (355.º, Marraquexe 2018) e Lleyton Hewitt (550.º, Adelaide 1998).