Mais uma madrugada de ténis em Melbourne, mais uma madrugada com resultados surpreendentes que abrem ainda mais os quadros do Australian Open à entrada na terceira semana.
“Café da manhã” é o nosso resumo de tudo o que acontece durante a madrugada em Melbourne. Para os que se esqueceram de tomar café, para os que o beberam mas não ficaram noite dentro e até para os que assistiram a tudo.
Antes de Stefanos Tsitsipas ter colocado um ponto final numa batalha de 4h32 para vencer Thanasi Kokkinakis, por 6-7(5), 6-4, 6-1, 6-7(5) e 6-4, já o complexo de Melbourne Park estava ao rubro.
Porque ainda o dia não tinha começado e já o público da casa tinha a garantia de celebrar uma vitória: no segundo encontro do dia na Rod Laver Arena, as australianas Ashleigh Barty e Daria Gavrilova mediram forças por um lugar na terceira ronda e a vitória sorriu, como se esperava, à número um mundial, que depois de um começo fulminante precisou de trabalhar mais para vencer a segunda partida e o encontro, com os parciais de 6-1 e 7-6(7).
Já muita tinta correu sobre a forma com que a grande favorita regressou ao circuito depois de um ano de ausência, mas a cada passo que Barty a conversa começa a ser outra: conseguirá a simpática australiana colocar um ponto final no jejum que se prolonga desde 1978 e chegar ao título? As exibições recentes para isso apontam… Mas uma ronda de cada vez — e na terceira Barty vai defrontar a russa Ekaterina Alexandrova, número 32 do mundo que venceu Barbora Krejcikova por 6-3 e 7-6(4).
Sorrisos para uns, lágrimas para outros: praticamente em simultâneo, mas na Margaret Court Arena, foi assinada a grande surpresa do dia, com a campeã em título Sofia Kenin a perder por 6-3 e 6-2 para Kaia Kanepi.
A protagonizar um excelente início de ano, a estónia de 35 anos já tinha disputado a final de um dos dois WTA 500 de Melbourne na semana passada e deu mais uma prova do seu rejuvenescimento ao superar a campeã em título por claros 6-3 e 6-2, num encontro de sentido único que fez desta a oitava vez que a ex-campeã do Estoril Open (venceu a prova em 2012) derrotou uma jogadora do top 10 WTA num torneio do Grand Slam.
O resultado apanhou todos de surpresa e deixou a norte-americana de 22 anos em lágrimas. Pouco depois, em conferência de imprensa, Kenin explicou que não conseguiu aguentar a pressão: “Obviamente não estou habituada a esta situação, por isso acabei por jogar a um nível muito abaixo do que aquele que era necessário para vencer encontros como este. Senti-me muito nervosa e nas últimas semanas nunca me senti a jogar o meu melhor ténis.”
Protagonista pela positiva foi também Feliciano López. Aos 39 anos, o jogador-tornado-diretor-do-torneio (dirige há um par de anos o importante evento de Madrid) está a competir pela 75.ª vez consecutiva em torneios do Grand Slam — um recorde que nem Roger Federer conseguiu “segurar” — e mostrou que velhos são os trapos ao assinar uma reviravolta notável: 5-7, 3-6, 6-3, 7-5 e 6-4 foram os parciais de um suado triunfo perante o 31.º cabeça de série Lorenzo Sonego.
Após a segunda vitória da semana, e visivelmente emocionado, o recém-papá mostrou-se incrédulo com o momento que atravessa: “Fui pai há pouco tempo e não treinei muito. A minha preparação foi o tempo de quarentena que passámos aqui, por isso estar na terceira ronda é muito, muito especial.”
Pelo complexo foram registaram-se ainda vitórias para Karolina Pliskova (7-5 e 6-2 contra Danielle Collins), Belinda Bencic (que venceu a ex-número dois mundial Svetlana Kuznetsova por 7-5, 2-6 e 6-4), Andrey Rublev (6-4, 6-4 e 7-6[8] ao brasileiro Thiago Monteiro), Matteo Berrettini (6-3, 6-2, 4-6 e 6-3 contra Thomas Machac) e Karen Khachanov (6-2, 6-4 e 6-4 contra Ricardas Berankis).