Grand Slam em tempos de pandemia: a chegada e o dia-a-dia em Doha (por Pedro Felner)

Competir em tempo de pandemia tem sido um grande desafio para todos os jogadores do circuito: ficou impossível planear com antecedência, viajar passou a ser uma aventura, as regras mudam constantemente e a falta de liberdade agudiza a rotina.

O Australian Open deste ano reservou-nos uma surpresa. Mais uma. O qualifying passou a ser jogado… Em Doha. No entanto, os jogadores até acabaram por gostar da ideia: a viagem é bem mais curta e, mais importante, escaparam a uma quarentena obrigatória de 14 dias na Austrália.

Depois de uma viagem longa com escala em Madrid, acabámos por chegar já tarde a Doha. A seguir aos procedimentos habituais à chegada ainda fomos fazer mais um teste covid no aeroporto, o segundo em dois dias. Por fim, e para terminar em beleza, a mala do Frederico não chegou. Ficou esquecida em Madrid. O primeiro treino em Doha estava garantido com roupa XL (a minha!).

Acabámos por chegar já muito tarde ao hotel. A organização lá nos foi pondo a par das nossas restrições: não podemos sair nem usar zonas comuns do hotel. A famosa “bolha” passa por controlar todos os sítios por onde passamos e impedir que estejamos em contacto com pessoas locais. Conhecer Doha está fora de questão.

No nosso primeiro dia acabámos por ficar a dormir até tarde e em confinamento no quarto do hotel até chegar o resultado do teste. Chegou por volta da hora de almoço e negativo, como convinha. A partir daí lá ganhámos um pouco mais de liberdade. Da parte da tarde fizemos a nossa primeira sessão de treino aqui em Doha. Uma sessão ligeira de 1 hora, que serviu para descomprimir e para ter as primeiras sensações relativamente às condições de jogo, principalmente no que toca às características dos campos e das bolas. A adaptação ao clima não será um problema porque, apesar de estar mais quente do que em Portugal, a temperatura nesta altura do ano é amena.

O nosso primeiro dia ficou também marcado pelo tão desejado encontro com um português que reside no Qatar e que nos é especial: o Luís Lopes, grande amigo e preparador físico do Frederico de longa data.

Hoje [sexta-feira] acabámos por fazer duas sessões de treino, já com mais intensidade e a tentar procurar o ritmo competitivo de que precisamos. Penso que o qualifying do primeiro Grand Slam do ano poderá ter muitas desistências (como é comum neste início de temporada) e também muitas surpresas! Todos os jogadores vêm de um longo período de treino e a primeira ronda aqui será o primeiro jogo do ano para praticamente todos os jogadores. É natural que haja menos ritmo competitivo e mais ansiedade.

Amanhã iremos conhecer o primeiro adversário e no domingo já começa a valer. Estamos a três vitórias da tão dura mas desejada quarentena na Austrália.

Até breve!

Pedro Felner
Diretor Geral Felner Tennis Academy

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