Pelo segundo ano consecutivo, a cidade da Maia foi uma das escolhidas para colocar um ponto final no calendário do circuito mundial masculino. O Maia Open coroou Pedro Sousa como campeão de singulares e constituiu mais uma oportunidade para que vários tenistas portugueses fossem a jogo no circuito Challenger, motivos que deixaram o Coordenador Técnico Nacional, Rui Machado, satisfeito na hora de fazer um balanço à semana.
“Foi mais uma semana muito importante para o ténis nacional pela oportunidade de jogar em casa e de jogar a este nível. Tivemos seis jogadores portugueses no quadro principal e três no qualifying. Quem está por dentro do meio e sabe o quão difícil é o percurso de um jogador de ténis compreende a importância destas oportunidades. Muitos deles ainda são novos e não têm muitos resultados nestes torneios, mas é uma oportunidade de passarem aqui uns dias a treinar, de verem um bom nível, de perceberem como é que se trabalha e ficarem com referências. Tudo isto é muito importante para o percurso de um jogador e mais uma vez tivemos esta oportunidade aqui em Portugal. O ténis português tem de estar de parabéns porque no meio de incertezas e dificuldades conseguiu organizar mais um torneio em segurança e dar mais uma oportunidade aos jogadores portugueses”, começou por referir o algarvio, de 36 anos, em conferência de imprensa.
O jogador que mais se destacou no Maia Open 2020 foi Pedro Sousa, um dos elementos da equipa do Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis, liderada pelo seu treinador.
E Rui Machado não tem dúvidas de que a versão do seu pupilo que esta semana triunfou no Complexo de Ténis da Maia é a de “um jogador muito superior” ao que há dois anos e meio conquistou, no Clube de Ténis de Braga, o outro título Challenger da carreira em solo nacional.
“Terminou o ano de 2020 muito bem e sem dúvida que a jogar o melhor ténis da vida dele”, acrescentou o também capitão da equipa portuguesa na Taça Davis, que destacou “a evolução do Pedro como jogador a todos os níveis” como o principal foco dos quatro anos de trabalho.
A vitória de Pedro Sousa no Maia Open permitiu ao lisboeta de 32 anos igualar o recorde português de títulos no ATP Challenger Tour até aqui detido por Rui Machado, que depois de apontar “o percurso” como o grande foco em detrimento do estabelecimento de marcas pessoais falou do assunto com boa disposição: “O Pedro disse aqui que pagou a aposta de chegar ao top 100, mas eu digo que ele ainda não pagou, porque tínhamos combinado que ele me oferecia uma garrafa de vinho e ele ofereceu-me uma que lhe foi oferecida na Austrália e que nem rolha tinha. Fica aqui a brincadeira para que ele vá à loja escolher e comprar uma garrafa quando ganhar o nono título [risos].”
Na conferência de imprensa, Rui Machado falou ainda do trabalho que foi feito durante a pausa competitiva, que aconteceu pouco depois de Pedro Sousa ter chegado à final mais importante da carreira, no ATP 250 de Buenos Aires, na Argentina: “Não foram tempos muito fáceis e foi preciso fazer um trabalho de mentalização diferente. É preciso ser-se forte e ver o copo meio cheio e não meio vazio. As regras foram alteradas, os rankings sofreram alterações e de certa forma existia alguma injustiça. Até hoje nunca lhe disse que era uma injustiça, porque tento sempre deixar de lado o que não controlamos e ser positivo, mas foi um trabalho difícil de fazer porque havia esse sentimento de injustiça que é difícil de ultrapassar e de que se estava bem e de repente o circuito parou. Mas não nos podemos sentir injustiçados quando há uma pandemia, temos é de fazer o nosso trabalho e foi isso que fizemos. Demorou algum tempo, mas o Pedro acabou por fazer uma época muito boa.”