Pedro Sousa e Gastão Elias foram os dois tenistas portugueses a vencer no segundo dia de quadros principais do Maia Open e quis o sorteio que marcassem encontro na segunda ronda, pelo que está garantida a presença de pelo menos um jogador “da casa” nos quartos de final. O Maia Open é organizado pela Federação Portuguesa de Ténis com o apoio da Câmara Municipal da Maia e joga-se até domingo, 6 de dezembro, no Complexo de Ténis da Maia.
Apesar de ter a seu cargo o estatuto de segundo cabeça de série, Pedro Sousa passou a ser o grande favorito à vitória final quando já estava em court, uma vez que o espanhol Pedro Martínez (número 85 do ranking mundial) foi afastado por contundentes 6-1 e 6-2 pelas mãos do italiano Alessandro Arnaboldi (276.º).
Mas o tenista português não acusou nenhuma pressão e caminhou com tranquilidade para uma vitória autoritária: 6-2 e 6-2 ao cabo de apenas 58 minutos de jogo frente ao francês Maxime Hamou (365.º).
“O primeiro encontro é sempre complicado, ainda por cima sendo contra um jogador do qualifying, que já tem algum ritmo nestas condições. Mas acho que fiz um excelente jogo e estou muito contente por avançar. Não o conhecia muito bem, o Rui [Machado, treinador] deu-me algumas dicas, mas como tinha dito ontem estava mais preocupado com o que podia fazer e as coisas acabaram por correr bem. Taticamente não dei grandes hipóteses. A meio do segundo set o encontro equilibrou um bocadinho, mas acontece. Ele teve mérito e eu consegui manter-me calmo e acabei por fechar”, analisou o lisboeta de 32 anos.
A “recompensa” foi o apuramento para a segunda ronda, e ainda que na altura ainda não soubesse que adversário teria pela frente, Pedro Sousa não hesitou em escolher um: “É óbvio que quero que o Gastão ganhe. É um jogador mais complicado de defrontar, mas quero que ele ganhe.”
“Pedido” feito, pedido realizado: pouco depois, Gastão Elias (429.º ATP) superou o russo Pavel Kotov (271.º) por 6-2 e 7-5 para somar a primeira vitória em torneios do ATP Challenger Tour desde janeiro — pelo meio disputou apenas dois torneios, entre a pandemia e o regresso a provas do “escalão” inferior.
A jogar pela primeira vez na Maia desde 2004, quando ganhou o prestigiado Maia Jovem (torneio internacional de sub 14), o tenista português de 30 anos confirmou o que tinha deixado como aviso na conferência de imprensa de antevisão: apresentou-se confiante, motivado e bem fisicamente, caminhando num abrir e fechar de olhos para a conquista de uma primeira partida em que cedeu apenas seis pontos com o serviço.
O segundo parcial complicou-se, mas nunca se desviou do comando de Elias, que apesar de um ranking inferior deixou bem evidente o nível superior em relação ao russo e fez uso de aberturas de ângulo, variedade e, sobretudo, mais racionalidade e poder defensivo, para contornar o ténis mais unidimensional do opositor.
Assim sendo, na quinta-feira Pedro Sousa e Gastão Elias vão medir forças pela segunda vez em pouco mais de um mês. Agora, está em jogo um lugar nos quartos de final do Maia Open.
“É mau jogar contra o Pedro nas primeiras rondas. Hoje infelizmente já perdemos alguns portugueses e quinta vamos perder mais um com certeza”, lamentou, aludindo de seguida para o duelo de há pouco mais de um mês no CIF. “Desta vez não vai ser muito melhor. Vão haver nervos outra vez, mas talvez sem tanta tensão. No CIF há muita gente conhecida, era uma primeira ronda e quem perder quinta-feira acaba a temporada. O Pedro é favorito. Está a jogar para entrar diretamente no Open da Austrália, além de que está mais rodado ultimamente nestes patamares. As condições aqui estão lentas, a bola salta pouco, está frito e isso talvez o favoreça. Mas tudo pode acontecer porque sabemos de olhos fechados o jogo um do outro”.
Se a segunda metade da jornada sorriu às cores nacionais, a manhã não foi igual: logo a abrir o dia, Gonçalo Oliveira (287.º) teve várias oportunidades para seguir em frente, mas sofreu uma reviravolta e ficou fora de competição, ao perder por 2-6, 7-5 e 7-6(3) para Altug Celikbilek (318.º) no duelo mais equilibrado do dia.
“Todas as derrotas doem, mas esta… Estive perto. Aconteceu e agora é focar nos pares e tentar fazer o melhor possível. Os pares são outro torneio, vamos vê-lo como outro torneio e hoje à tarde já vou treinar com o [David] Vega para começarmos a pensar nisso”, desabafou o tenista nascido no Porto.
Depois, João Domingues regressou ao palco onde há um ano brilhou para atingir as meias-finais e procurou a vitória, mas acusou a falta de ritmo causada por uma luta demorada com a lesão no pulso que o tem atrapalhado desde março e não conseguiu reunir argumentos suficientes para vencer Carlos Taberner (152.º ATP), que venceu por 6-3 e 6-2.
“Sinceramente, fico feliz porque o ano terminou finalmente. Lesionei-me no início da pandemia e nunca consegui recuperar a 100%. Agora estou bastante melhor e já jogo sem dores, mas ainda tenho algum receio. O meu foco é 2021, tentar preparar a temporada da melhor maneira e voltar a um bom nível, porque estou muito longe do que estava antes da paragem. Quero melhorar o mais rapidamente possível para ser competitivo”, desabafou o tenista natural de Oliveira de Azeméis.
Sobre o encontro, Domingues lamentou: “Tive as minhas chances no segundo set e não as consegui aproveitar. Não fui suficientemente competitivo, falhei bastantes bolas fáceis quando estava no comando do ponto e fiz más opções. Isso pesou um pouco mentalmente e não estive focado no jogo todo”.
Nos restantes encontros do dia, seguiram em frente o campeão em título, Jozef Kovalik (6-1, 4-6 e 6-2 frente a Julian Lenz), e Alexey Vatutin, que afastou o finalista de 2019, Constant Lestienne (por 6-2 e 6-0).