Em 2020, pela 12.ª e última vez, os melhores jogadores da temporada chegarão de barco à O2 Arena de Londres, onde ao longo dos próximos oito dias lutarão pelo quinto título mais importante do calendário tenístico. E pela primeira vez terão de o fazer sozinhos, separados daquele que foi o grande trunfo da tão bem sucedida candidatura londrina ao “Masters”.
O Nitto ATP Finals joga-se entre os dias 15 e 22 de novembro e tem Novak Djokovic, Rafael Nadal, Dominic Thiem,Daniil Medvedev, Stefanos Tsitsipas, Alexander Zverev, Andrey Rublev e Diego Schwartzman como protagonistas de uma edição que fez os possíveis para sobreviver ao impacto da pandemia de covid-19 — ou não fosse esta a grande fonte de receita de um circuito com tantas particularidades quanto motivos de interesse.
A edição de 2020 assinala o 50.º aniversário do torneio dos maestros, que ao longo da história conheceu vários nomes (Grand Prix Masters, ATP Tour World Championships, Tennis Masters Cup, ATP World Tour Finals e, mais recentemente, ATP Finals — isto excluindo os patrocínios que desde o início acompanham), formatos e coroou alguns dos maiores campeões da história do desporto. Mas quando os artistas entrarem em court a história ficará para trás — nos arquivos, livros e artigos dedicados à ocasião.
Em 2020, pela última vez, London (is) calling. A cidade que conseguiu retransformar o torneio num espetáculo sem precedentes tornou-o, também, num verdadeiro fenómeno de bilheteira — de tal forma que os encontros (dois de singulares e dois de pares) foram divididos em sessões, uma diurna, outra noturna. E terá como inglória despedida uma edição sem o seu maior trunfo, os cerca de 17.500 espetadores que ao longo da última dúzia de anos fizeram deste um dos maiores courts do mundo, só superado pelo Artur Ashe Stadium (US Open) e as ocasionais transformações de estádios de futebol em palcos da Taça Davis.
Em 2020, mais do que nunca, far-se-á silêncio para se jogar o Masters.
PONTOS DE INTERESSE
Djokovic à procura da história
Semanas depois de igualar o número de épocas que Pete Sampras conseguiu terminar como número 1 mundial (foram seis), o sérvio procura, em Londres, igualar o recorde de títulos de Roger Federer no Nitto ATP Finals. São também seis e a seu favor Djokovic tem as condições da O2 Arena, palco onde conquistou quatro dos seus cinco títulos (o primeiro foi na última edição em Xangai, no ano de 2008), mas no qual já não vence há cinco anos.
Nadal e o título que lhe falta
Com um currículo cada vez mais recheado, Rafael Nadal tem no ATP Finals a maior lacuna da carreira: o espanhol nunca conquistou o último torneio da temporada, tendo como melhores resultados as finais perdidas em 2010, para Roger Federer, e em 2013, para Novak Djokovic.
Para além deste, o maiorquino também persegue conquistas inéditas nos Masters 1000 de Miami (cinco vezes finalista), Xangai (duas) e Paris (uma).
Confirma-se a passagem de testemunho?
A conversa já não é nova, mas se há semana em que faz sentido é esta: nem Roger Federer, nem Novak Djokovic, nem Rafael Nadal, nem Andy Murray. Nenhum dos “Big Four” inscreveu o nome na lista de campeões do Nitto ATP Finals nas últimas três edições, curiosamente coincidindo com o período em que o torneio adotou o novo nome — uma mudança simples, que se limitou a acompanhar a renomeação do circuito.
Grigor Dimitrov foi o vencedor em 2017 e se o búlgaro não conseguiu aproveitar a conquista mais importante da carreira para chegar a outro patamar, o mesmo não se pode dizer dos campeões que se lhe seguiram: Alexander Zverev derrotou Novak Djokovic na final da edição de 2018 e tem conseguido afirmar-se como um dos melhores jogadores do planeta, tendo inclusive disputado a primeira final da carreira em Grand Slams no final desta época — era aí, nos quatro Majors, que o alemão revelava mais dificuldades, mas até esses problemas parecem já estar ultrapassados. E em 2019 o campeão foi Stefanos Tsitsipas, que de forma estonteante concluiu a primeira participação da carreira no Torneio dos Maestros (na época anterior venceu o NextGen Finals…) e, apesar de não ter realizado uma temporada de 2020 brilhante, não tem grandes razões de preocupação: na reta final reencontrou-se com a sua melhor versão e esteve muito próximo de derrotar o líder do ranking mundial numa meia-final entusiasmante (e dramática) em Roland-Garros, que só perdeu em cinco sets.