Guilherme Balboa: “O Gastão quer muito voltar ao que achamos que é o lugar dele”

Beatriz Ruivo/Lisboa Belém Open

LISBOA — Superadas as várias lesões e o período de confinamento, Gastão Elias e Guilherme Balboa estão finalmente a trabalhar lado a lado em vários torneios consecutivos e livres de problemas de maior. Primeiro em Sintra, onde atingiu a primeira final em mais de três anos, depois no Porto, onde regressou aos títulos, e agora em Lisboa, onde voltou a disputar um torneio do ATP Challenger Tour, o tenista português deixou sinais encorajadores que fazem a dupla acreditar num regresso aos resultados que o tornaram num dos melhores jogadores lusos da história.

“Esta está a ser a primeira vez que eu estou a ver o Gastão competir e vejo melhorias na forma de ele jogar. A minha ideia é colocar um padrão de jogo um bocadinho mais claro no Gastão, deixá-lo mais organizado taticamente. Vi isso no Porto, acho que ele jogou a um nível muito melhor do que em Sintra, onde já tinha feito uma final contra o Nuno. O que me chamou mais à atenção foi ver o Gastão feliz e a treinar duro. Não tem problemas em treinar e é um cara que tem um ouvido muito bom, escuta muito e conversamos muito sobre o plano de jogo, ele argumenta com coisas positivas e assim vamos criando uma parceria legal”, comentou o treinador brasileiro, que acompanhou o compatriota André Sá.

“Há vários treinadores que dizem que o Gastão está diferente a jogar, que está feliz e isso deixa-me muito contente. Acho que estamos no caminho certo. Bem no começo, ainda, não dá para dizer que as coisas estão legais, mas acredito que a gente vai ver um Gastão atingir bons resultados e voltar onde já chegou. Esse é o nosso objetivo”, acrescentou Balboa, que também falou sobre a derrota na primeira ronda do Lisboa Belém Open frente a Pedro Sousa.

“O Pedro é um jogador muito difícil de ler, é um cara que joga a um nível muito alto e nunca se sabe [o que é que ele vai fazer]. Tem dois lados muito parecidos e um saque muito regular, tem um volume de jogo muito bom. Era uma estratégia o Gastão usar mais o slice para quebrar o jogo dele, mas o ranking mostra a confiança que o Pedro tem e foi ele a conseguir manter um nível mais alto. É claro que faltaram algumas coisas, o Gastão não sacou tão bem e o saque ia colocá-lo numa situação um pouco diferente, por isso foi um mix de coisas que aconteceram que levaram a este resultado, mas é muito mais mérito do Pedro do que demérito do Gastão”, afirmou.

Apesar da derrota, Guilherme Balboa retirou muitas indicações positivas do encontro no CIF: “O que gostei muito de ver foi o Gastão a jogar a um nível muito bom, fazia muito tempo que não o via a competir tão bem. O primeiro set mostrou que ele está no caminho, mas o jogo tomou um caminho diferente a partir do segundo, em que ele sentiu mais o volume do jogo. Competir com o Pedro, que está a jogar super bem e vem de grandes resultados, mostra que o Gastão está no bom caminho. Fazia quase três anos que o Gastão não vinha de uma série de vários jogos ganhos e o nível dos Futures é muito diferente do dos Challengers, então isso também pesou um pouco.”

“O que vejo nesse regresso é que estamos no caminho certo, a fazer as coisas certas e a trabalhar duro todos os dias. Daqui para a frente o que a gente tem de buscar é estar mais vezes nestes torneios maiores para ele se  habituar a este nível. Acredito que nível de ténis ele tem, agora o que falta é competir mais ao mais alto nível para fazer a transição rapidamente”, acrescentou o treinador brasileiro.

A curto-prazo, o foco está nos ITFs de Tavira (25 mil dólares) e Quinta do Lago (15.000), que serão “muito importantes para somar o máximo de pontos, porque ainda tem muito para somar”, mas o objetivo passa por regressar de forma regular aos torneios de maior dimensão o quanto antes: “Depois desses a gente vai ver qual é a linha que vamos seguir, se vamos arriscar jogar alguma coisa na América do Sul. O título do Porto deu uma ajuda no ranking, mas ainda está longe de estar garantido [em Challengers] porque o calendário está muito maluco. Como eu tenho uma relação com alguns promotores lá no Brasil, e o Gastão também, quem sabe a gente possa arranjar algum convite, mas ainda não há nada confirmado. A Maia será muito bom para ele, ele adora jogar no país e sente-se muito bem aqui.”

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